O aterrorizante título do último livro de Stephen King “When the money runs out: The end of western affluence” (Quando o dinheiro acaba: O fim da abundância no ocidente”, fará com que algumas pessoas o dispensem como apenas um panfleto criado para disseminar o pânico. Mas King, economista-chefe do HSBC, não é o tipo de Jeremias que estimula os cidadãos a comprarem ouro e espingarda e se abrigarem em um abrigo nas montanhas; o seu livro é bem escrito, profundo e altamente convincente.
O título, como o autor não se furta em admitir, é “uma frase de efeito; não corresponde à verdade literal… o dinheiro de papel nunca se esgota de verdade”. Com efeito, King crê que a habilidade dos países desenvolvidos de gerar um crescimento econômico significativo, e consequentemente riqueza, diminuiu. Conforme observa, nas suas primeiras quatro décadas de vida a renda per capita dos britânicos quase triplicou; em sua quinta década de vida, esta subiu apenas 4%.
Isso é um problema na medida em que as pessoas dos países ricos se acostumaram à melhora dos padrões de vida e os governos lhes prometeram benefícios cujos custos talvez não sejam pagáveis. Alguns países estão tendo dificuldades em pagar tanto esses benefícios quanto os juros das dívidas que devem a credores estrangeiros. A reação dos governos e dos bancos centrais à crise da dívida de 2007 foi permitir que os déficits orçamentários disparassem e que as taxas de juros caíssem a quase zero. Isso pode ter impedido que a recessão se tornasse uma outra Grande Depressão, mas, no processo, o papel dos bancos centrais se tornou altamente político. Ao permitir que a inflação aumentasse temporariamente acima da meta oficial, ou ao escolher comprar títulos governamentais ou outros instrumentos financeiros, tais como títulos lastreados em hipotecas e dívidas empresariais, eles estão enriquecendo algumas pessoas e empobrecendo outras.
King também se preocupa com a possibilidade de os países desenvolvidos terem se tornados “viciados em pacotes de estímulos”, na crença de que as taxas de crescimento de outrora podem ser recuperadas com as políticas certas. Mas taxas de juros persistentemente baixas são um sinal de fracasso econômico e não um sinal de recuperação futura.
*Texto adaptado e traduzido da “The Economist” por Eduardo Sá
Fonte: Opinião & Notícia
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