A internet, com todas as tecnologias a ela ligadas, revolucionou a relação das nossas mentes com a realidade, possibilitando interagirmos com os concretos existentes na natureza, sejam objetos inanimados, animados artificialmente ou mesmo com outros seres humanos de uma maneira inconcebível até poucas décadas atrás.
É um fenômeno só possível pelo uso adequado da razão aplicado com objetivismo, ou seja, com a indispensável combinação do método científico indutivo que se aproveita da nossa experiência, da formação e integração de conceitos, associadas à lógica dedutiva utilizada para corroborar os primeiros.
Foi com a genialidade de filósofos, cientistas, arquitetos, engenheiros e empreendedores em geral, que descobertas, inovações, invenções e aprimoramentos foram sendo agregados à nossa simples existência para que esta se fosse tornando cada vez mais agradável.
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Criar facilidades, bens, valores para podermos viver mais e melhor e lucrar com isso, seja através do enriquecimento material ou intelectual, se tornou o objetivo dos homens produtivos que usaram suas mentes e também seu esforço físico para formular teorias, desenvolver manufaturas e estabelecer formas e rotas para comercializar o que seria criado.
Guerras, pilhagens, assaltos em larga escala para se adquirir a riqueza necessária para minimizar a escassez daquilo que era preciso para se viver começaram a dar lugar a outro tipo de relacionamento social: em vez de um jogo de soma zero, onde, para um ter o que quer, precisa tirar de quem tem sem dar nada em troca, o método de se obter o que se deseja passou a ser um jogo cujo resultado era maior do que a soma do que tinham as partes, criando uma troca para mútuo benefício que agregava valor a tudo aquilo.
Governos tiveram uma enorme contribuição para isso. A proteção da livre iniciativa e da propriedade privada, em todas as suas formas, material ou intelectual, indicaram aos seres com capacidade criativa que viver do fruto da própria mente e do próprio esforço poderia ser um ato profícuo.
Leis objetivas resguardando interesses legítimos baseados no direito à vida, à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade, exercidos sem o uso da coerção, mas através da cooperação voluntária, criaram o ambiente necessário para que os indivíduos pudessem migrar do nível limitado do mundo perceptual em que se encontravam para um universo muito mais amplo, o da formação conceptual e abstrata operadas por nossa mente, sem deixar de lado a realidade.
A criação de valor exige mais do que gênios como os mencionados: exige um ambiente acolhedor. Um ambiente acolhedor só pode ser estabelecido se os direitos individuais forem protegidos. Não apenas os direitos dos gênios produtivos, mas também daqueles que irão ser os consumidores em massa daqueles valores criados para eles.
Para alguém poder demandar é preciso antes criar valor ou ter condições de criá-lo para trocar pelo que ou não sabe fazer ou, se sabe, é mais econômico adquiri-lo do que fazê-lo.
Esse é o círculo virtuoso do enriquecimento individual que gera abundância, não apenas para os mais capazes, mas também para os menos. Não existe outro sistema social que permite arranjos infinitos quanto o que chamamos de capitalismo.
O ideal do capitalismo só pode ser alcançado quando a violência é contida e os violentos são segregados da sociedade através da coerção retaliatória promovida pelos homens da lei, pelos homens da justiça, guiados por uma ética comum, a do individualismo.
Somente quando a lei e a justiça são defendidas por homens de moral elevada a ponto de se alinharem com o maior padrão moral que há, a defesa da vida, da liberdade, da propriedade para que cada indivíduo possa buscar a sua felicidade pacificamente, como um fim em si mesmo, sem explorar ninguém nem se deixar explorar por quem quer que seja, o ideal do capitalismo pode ser alcançado.
Capitalismo não é um sistema imposto arbitrariamente. Pelo contrário, é o único sistema que combate o arbítrio e a tirania para que possamos escolher livremente nosso caminho. A superioridade do capitalismo está provada na prática ao longo da nossa história. Porém, também está provado que homens de caráter elevado são raros. Há homens pérfidos, perversos, principalmente aqueles que buscam capturar o poder coercitivo dos governos para seu proveito próprio à custa e à revelia dos governados.
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Caráter se forma com princípios, valores e ideais claros. Somos seres racionais, precisamos de liberdade para criar o que escolhemos, para tornar nossas vidas melhores em um ambiente onde viver em paz com quem amamos seja possível.
Para isso não podemos ser frouxos ou condescendentes com aqueles que violam nossos direitos – e pior: se imiscuem entre os que deveriam protegê-los.
Caráter significa mentalidade, mentalidade significa usar a razão e o livre arbítrio para escolhermos entre o caminho do bem e do mal, entre o verdadeiro e o falso, entre o certo e o errado sob uma moral objetiva que tenha a própria vida e a própria felicidade como prismas e a liberdade como luz.
Fonte: “Instituto Liberal”, 15/01/2020