“Quem disse que não tem discussão?” (Record), de Alberto Carlos Almeida, é um convite à reflexão sobre o funcionamento da política e das instituições na sociedade brasileira. Com base em dados de pesquisas de opinião, as analises trazem sempre uma perspectiva comparativa e constroem uma ponte entre o empírico e o teórico. O autor discute o que considera as grandes questões nacionais e propõe estratégias para solucioná-las. Ponderações sobre o futebol e a religião também permeiam os escritos.
“Um dos efeitos esperados da melhoria do nível educacional da população é a diminuição da crença em mágicas. Trata-se de algo muito comum no Brasil. A seleção é eliminada da Copa do Mundo e a causa disso é algo mágico, tal como a expulsão de um jogador ou o fato de o técnico ser inexperiente. O oposto disso é admitir que, numa Copa, há um vencedor e 31 perdedores. […] Os times perdem, os goleiros falham, os jogadores são expulsos e há viradas no placar. Assim é o mundo sem mágica”.
Os textos do cientista político também revelam opiniões como a lamentação pelo excesso de intervenção do Estado na economia do país, a defesa da redução de impostos e a meritocracia. Almeida ataca o vácuo deixado pela oposição brasileira na disputa presidencial de 2010, ao não propor uma agenda liberal, e desfaz mitos em torno do presidente Lula.
Vistos em retrospectiva, os textos revelam um trabalho sagaz e franco para a construção de cenários num período de temperaturas elevadas na política nacional. Um dos pontos centrais é a luta do PSDB contra o PT depois da bem avaliada gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente com uma popularidade nunca vista antes na história deste país.
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