Naquela manhã, 11 de setembro de 2001, eu estava reunido com Luiz Guilherme Martins Abraham, da gerência comercial da Varig para cargas aéreas, ali na Severo Dullius, ao lado do aeroporto de Porto Alegre.
Nisso, recebo uma ligação pelo meu celular Motorola de um dos meus filhos, se não estou enganado era o Rafa Rachewsky, que gritava do outro lado: – “Pai, um avião bateu no World Trade Center!”
Conhecendo Nova Iorque, perguntei se era um avião pequeno. Ele respondeu que não. Que era um avião grande de passageiros.
Contei para o pessoal que estava comigo na reunião e imediatamente descemos correndo do mezzanino para a loja onde havia uma televisão.
Enquanto discutíamos se aquilo era ou não um acidente, assistimos a um segundo avião atingir a outra torre gêmea. Nossa conclusão não podia ser outra: os Estados Unidos da América estavam sob ataque e a história mudaria para sempre.
Os Estados Unidos da América viram não apenas seus ícones como o World Trade Center que representava seu poderio econômico; como o Pentágono, que representa seu poderio bélico, mas os pilares desse poder todo balançarem até ruir.
Se durante o 11/9, milhares de vidas foram perdidas em solo americano de forma inédita, nos dias, meses e anos que se seguiram, os direitos de liberdade e propriedade tão caros para os fundadores da nação americana foram vergonhosamente atacados pelos governos de George W Bush e Barack Obama.
Osama Bin Laden queria destruir a América. Isso ele não conseguiu, mas conseguiu que o espírito que fez dos Estados Unidos da América a sociedade mais livre, rica e próspera da história da humanidade saísse desse triste episódio diferente.
No século XX, pouco antes da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos começaram um processo de intervenção estatal na economia, violando instituições que sempre foram sagradas para aquele pais.
Tudo começou em 1890, com a Lei Anti-Trust, se seguiu com a criação do imposto de renda e do Federal Reserve em 1913.
Depois de um breve período de liberalização e recuo na intervenção do estado ocorrida entre 1920 e 1928, ações governamentais equivocadas jogaram o mundo na Grande Depressão e os Estados Unidos caíram na armadilha do estado de bem-estar social e nas politicas econômicas prescritivas que caracterizam o keynesianismo.
Veio a Segunda Guerra Mundial, a luta contra o fascismo, o nazismo. Os americanos conseguiram derrotar e reconstruir a Alemanha e Japão, transformando-os em sociedades livres exemplares e em economias desenvolvidas em menos de uma geração.
Depois veio a luta contra o comunismo e os americanos só conseguiram ajudar a Coréia do Sul, já que acabaram derrotados no Vietnã, tendo que assistir bilhões de pessoas, na Ásia, no Leste Europeu e em Cuba, sofrerem as vicissitudes do socialismo até que o muro de Berlim foi derrubado, que a União Soviética entrou em colapso e a China se transformou em uma economia mista, mesclando um partido único que limita os direitos políticos dos chineses com algo parecido com o livre mercado.
Nesse ínterim, conseguiram criar a mais longa das guerras que já enfrentaram, a guerra contra as drogas, que não têm como vencer como ela foi concebida e intensificada por presidentes tão diferentes quanto Nixon e Reagan.
A partir do 11/9, a luta passou a ser não apenas contra o terrorismo islâmico, mas também contra o socialismo democrático e o politicamente correto legado do pós-modernismo pragmático que cresceu ao longo do século passado.
O coletivismo estatista, a troca de uma república constitucional por uma democracia “liberal-progressista”, como chamam por lá, acabou sendo o preço pago pelos americanos para, alegadamente, defenderem segurança e liberdade.
O resultado já havia sido prognosticado muito antes. Os americanos acabariam, ao fazerem isso, entregando a sua segurança e liberdade para os populistas demagogos que comandam o governo.
Trump, que teria supostamente vindo para reverter isso, tem se mostrado apenas a cereja nesse bolo que liberais de verdade, idealistas como eu, consideram bastante indigesto.
Fonte: “Instituto Liberal”, 11/9/2020
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