A indicação de um terceiro ministro do DEM para compor o governo de Jair Bolsonaro (PSL) ameaça colocar em xeque a votação da reforma da Previdência na Câmara. A avaliação é de que as nomeações atreladas às frentes parlamentares não têm apoio partidário e, por isso, não agregariam votos. Deputados de legendas ainda não contempladas com ministérios dizem não ter motivação para apreciar uma proposta considerada impopular pelos eleitores sem nada em troca. O presidente eleito tem repetido que não fará a velha política do toma lá, dá cá.
Matemática. Em três semanas, Bolsonaro indicou onze ministros. Deles, três são do DEM, seis técnicos e dois militares. Luiz Mandetta, divulgado ontem para a Saúde, e Tereza Cristina (Agricultura) ainda têm em comum o Estado: são de Mato Grosso do Sul.
Repeteco. Uma das críticas de deputados é que Bolsonaro esteja repetindo Michel Temer, que nomeou quatro ministros de Pernambuco e não teve apoio do Estado para aprovar medidas impopulares.
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Na agenda. Bolsonaro faz hoje em Brasília a primeira reunião ministerial com todos os indicados para ocupar o primeiro escalão na Esplanada. Será no CCBB.
No meu governo… Mal fora anunciado ministro, Mandetta já fazia planos para a pasta. Quer trocar o nome do programa Mais Médicos para Mais Saúde.
Tarda, mas não… Na reunião que tem hoje com o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o presidente do DEM, ACM Neto, promete não queimar etapa anunciando embarque imediato na base do governo. A oficialização, porém, não deve passar do fim do ano.
É isso. A força do DEM no futuro governo incomoda aliados do Centrão. “O partido não pode ser penalizado pelas escolhas de Bolsonaro, mas também não pode dizer que não está atendido”, diz o líder do PP na Câmara, Arthur Lira.
Última chance. Preso em Curitiba desde abril, Lula ainda pode ajudar a eleger um presidente este ano. Manoel Caetano, um de seus advogados, é candidato à presidência da OAB-PR.
Eu confio. Caetano virou uma espécie de conselheiro e confidente do petista, com quem se encontra quase todos os dias. Se eleito, promete dignidade aos advogados. A eleição é dia 22.
+ Zeina Latif: A palavra de ordem é foco
Para que… Michel Temer quer adiar a votação de uma alteração no estatuto da Caixa que retira do presidente da República a prerrogativa de escolher quem comanda o banco. A mudança atende às novas determinações da Lei das Estatais.
…a pressa? Temer pediu que Eduardo Guardia (Fazenda) fale com a presidente do Conselho de Administração, Ana Paula Vescovi, que apreciará o tema.
Cortesia. A estratégia de Temer é para garantir que Bolsonaro indique o presidente da Caixa na gestão dele.
CLICK. Deputados novatos ganharam crachás para ter livre acesso à Câmara. Os atuais usam broche na lapela. Ontem, Bia Kicis (PRP-DF) circulava pelo plenário.
Troféu. O ministro Gustavo Rocha entrega hoje o prêmio Direitos Humanos 2018 a Rodrigo Maia, presidente em exercício; a Dias Toffoli, presidente do Supremo; a Raquel Dodge, procuradora-geral da República, e a outras 50 personalidades.
Vai começar. A escolha de Maurício Valeixo para a PF demonstra a intenção de Sérgio Moro de focar nas grandes operações de combate à corrupção.
A fatura. O Supremo desembolsou R$ 1,6 milhão para pagamento de auxílio-moradia de 38 servidores entre setembro de 2016 e outubro deste ano.
Fonte: “O Estado de S. Paulo”