Um esclarecimento que acho que precisa ser feito. Numa pandemia, não podemos esperar do governo tratamento médico, coisa que ele não consegue fazer nem quando a situação está normal.
Numa pandemia, quem deve lidar com a população é a polícia, a guarda nacional e até as forças armadas.
Nenhum sistema coletivista de saúde está preparado para lidar com pandemias extremas. Quando elas acontecem, só há duas coisas que o governo pode fazer: impor quarentena para impedir a proliferação do vírus de quem tem para quem não tem e controlar as fronteiras com o mesmo objetivo.
Em pandemias, onde o contágio é veloz e exponencial, a população deve tomar consciência de que cada indivíduo é um vetor anônimo que contribui para a proliferação do vírus.
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Pensando em si, sabão, álcool, elevação da imunidade e distância ou isolamento são medidas razoáveis. Pensando nos outros, deve-se agir da mesma forma. Triagens, testes, máscaras de proteção, vacinas e remédios não podem estar à disposição de toda a população de uma vez, nem por longos períodos de tempo.
Então, é preciso ter consciência e agir com precaução. Fique em casa pegando um sol para elevar sua vitamina D, lave frequentemente as mãos com sabão e higienize as superfícies mais utilizadas do lugar onde você mora ou trabalha.
Use álcool sem moderação, não beije, não abrace e não dê a mão para quem você tem pouca intimidade.
A ameaça é real e pode ser controlada e eliminada usando, antes de qualquer coisa, a sua própria massa encefálica.
Nesses dias de apreensão, troque o contato físico pelo virtual, use mais o Skype, o Zoom, o WhatsApp. Use menos o corpo e mais a mente. Exercite-se em casa e aproveite para limpar armários e reler os clássicos.
Agradeça à natureza que as crianças não têm sido afetadas por esse mal e que você pode sair dessa ileso, bastando ser sensato.
Os próximos 30, 60 ou 90 dias serão cruciais, difíceis. Depois que países como os próprios Estados Unidos resolveram fechar suas portas para boa parte do mundo, pode-se ter a ideia de que a coisa é séria.
Ainda assim, deixem o desespero para quem está perdendo na bolsa. Esses estão colhendo o que plantaram. No cotidiano, diferentemente do mercado de índices ou ações, com um vírus andando por aí à solta, é ótimo ser menos ousado e mais conservador.
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Viveremos uma crise e com ela surgirão muitas oportunidades. Não lamente nem chore, prepare-se, porque se há algo que precisamos ajudar para vivermos felizes, é a sorte.
Para concluir, é preciso que façamos, cada um, uma reflexão, um questionamento. Questionar-se filosoficamente é fundamental. Nesse caso presente, devemos colocar em perspectiva os valores éticos que nos levam a ter direitos individuais. O valor mais elevado para qualquer ser vivo é a própria existência, daí a importância do direito à vida. Somente depois deste vêm seus corolários: o direito à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade. É preciso encontrar o equilíbrio e entender que em momentos emergenciais como uma guerra, e não estou usando isso como metáfora, seja uma guerra contra inimigos humanos ou contra um simples vírus mortal, é preciso abrir mão do que é secundário para ater-se ao essencial.
O denominador comum em situações emergenciais é proteger a própria existência e a vida daqueles que nos são caros, sem obviamente prejudicar ninguém. Isso deveria ser um ato voluntário, praticado por gente racional. Mas como a racionalidade é volitiva, quando as pessoas resolvem não usar a cabeça, colocando tudo a perder, cabe ao governo intervir.
Fonte: “Instituto Liberal”, 13/03/2020