A Braskem, petroquímica do grupo Odebrecht, recebeu na semana passada a notícia de que terá uma redução significativa em seus custos com eletricidade. Não poderia haver informação melhor: depois da matéria-prima, a energia é o item de maior peso no custo de produção dos plásticos.
Por força de um acordo com o governo, a Braskem terá uma redução de mais ou menos 50% na conta de luz de duas de suas fábricas. Tudo isso é verdade. Só que o governo em questão não é o do Brasil, mas o da Alemanha.
As autoridades alemãs entenderam que a petroquímica, para ganhar competitividade, precisa de custos menores. E decidiram aceitar a redução no preço da energia que vinha sendo pleiteada pela Braskem num contencioso que já se arrastava há quase um ano e meio.
A história começou em meados do ano passado, quando a Braskem comprou quatro fábricas de polipropileno da Dow Chemical – duas nos Estados Unidos e duas na Alemanha.
Na Alemanha, conforme levantamento feito no ano passado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, a tarifa de energia, quando convertida em reais, era de aproximadamente R$ 213,40 o MWh. Apenas para efeito de comparação, a tarifa industrial média no Brasil, de acordo com o mesmo estudo, era de R$ 329.
Com base nesses números e numa conta apressada, pode-se dizer que, antes da medida provisória que Brasília baixou com o objetivo de reduzir os preços da energia elétrica a partir do ano que vem, as tarifas no Brasil eram mais ou menos 55% superiores às da Alemanha.
Com a redução prometida, a indústria nacional pagará única e tão somente 23% acima do que paga a poderosa indústria alemã.
A questão é que a Dow, quando era dona das fábricas, considerava o preço da eletricidade alemã elevado e negociou com o governo uma redução de 50% na energia utilizada em suas operações no país. O problema é que o benefício era concedido à empresa – e não às fábricas.
Quando a Braskem adquiriu as plantas de polipropileno, a vantagem desapareceu. Desde então, a corporação brasileira vinha pleiteando condições idênticas às que valiam para a empresa americana.
Na semana passada, o vice-presidente da Braskem, Marcelo Lyra, que participou da Audi Business Trip (uma viagem de negócios promovida pelo Lide à Alemanha entre os dias 14 e 20 de novembro), recebeu do governo alemão a garantia de que as fábricas no país passarão a usufruir dos mesmos benefícios que tinham no passado.
Esse é, aliás, um tema para reflexão. A indústria brasileira, que enfrenta problemas de competitividade e crescimento negativo pelo segundo ano consecutivo, não consegue competir em custos nem mesmo com empresas brasileiras instaladas no exterior. Essa é uma questão que merece tratamento mais ágil, consistente e definitivo do que vem merecendo até aqui.
Fonte: Brasil Econômico, 22/11/2012
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