Os gastos relacionados à crise no setor elétrico atual diante do baixo nível dos reservatórios das represas, custos de energia, encargos e empréstimos para o setor deverão refletir-se em altas tarifas de energia até 2020, segundo consultorias.
O diretor da Thymos Energia, Ricardo Savoia, disse que de 2013 a 2015 a crise energética já gerou um custo de R$ 115,7 bilhões para o país, entre empréstimos com bancos para socorrer distribuidoras, pagamento de subsídios, encargos, entre outros. Somente para recuperar os reservatórios das hidrelétricas já depreciados, seriam necessários gastos adicionais calculados em cerca de R$ 85 bilhões.
Ele calcula um aumento de 42% no custo da energia para a indústria neste ano. As tarifas ainda deverão continuar altas nos anos seguintes, como efeito da crise no setor atual. “Quando a gente compara 2020 com 2014, a tarifa ainda é 22% maior”, disse Savoia, em palestra no evento Energia e Cenários 2015, da Viex Americas, nesta quarta-feira, 11.
O consultor da LPS Consultoria Energética, Fernando Umbria, também considera que os efeitos de alta na tarifa serão duradouros, até 2020 ou 2021. Ele estima que neste ano, consumidores da Eletropaulo terão em média aumento de 68,15% nas tarifas, considerando Bandeiras Tarifárias, reajuste tarifário extraordinário e reajuste anual de tarifas. Para consumidores industriais atendidos pela empresa, a estimativa da LPS é de alta média de 82,5% e para os residenciais, de 62,5%.
Reservatórios – O nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste do país podem chegar entre 10% a 13% de armazenamento ao final do período seco, considerando alguns dos piores mas possíveis cenários avaliados por consultorias do setor elétrico.
“Se continuar a seca que está nesse momento, chega a 10% em abril”, disse a diretora da Engenho Consultoria, Leontina Pinto, em palestra durante evento. Segundo ela, se os reservatórios chegarem a 10% a situação já estaria “perdida”, considerando que as hidrelétricas são responsáveis por 75% capacidade de geração de energia para atender a demanda do país.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, já sinalizou neste ano que a queda dos reservatórios a 10% poderia ser o gatilho para decretar racionamento. Leontina considera que a necessidade de racionamento de energia já é de 30% da carga do país.
“O racionamento não é uma vergonha, é um risco admissível. O que não posso é não ter um plano de ação”, disse. A consultoria Thymos Energia calcula que no pior cenário, o nível das represas pode chegar a 13% ao fim do período úmido, e no melhor, em 33%. Segundo Savoia, o racionamento teria que ser de 10% a 20% da carga, com duração por cerca de um ano para recuperar os reservatórios.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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