Medida Provisória que restringe seguro-desemprego e abono salarial pode ser analisada em comissão a partir de quarta-feira
O governo iniciou a semana com uma série de reuniões para destravar o pacote de ajuste fiscal. O objetivo principal é votar ainda esta semana a primeira das medidas na comissão especial do Congresso. A ideia é apresentar o relatório da MP 665 (que altera as regras para concessão do seguro-desemprego e do abono salarial) na quarta-feira. Na manhã desta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com o vice, Michel Temer, nove ministros e os líderes do governo na Câmara e no Congresso para definir estratégias que garantam a aprovação sem alterações que descaracterizem as propostas do Executivo. Ministros da área econômica resistem em aceitar mudanças, pois o plano do governo, só com as aprovações das MPs 664 e 665 — que restringem a concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários — é economizar R$ 18 bilhões.
— Hoje o que está colocado é o texto da MP. Tudo pode ser discutido, não há nada definido, não há nada fechado. Todos os temas são passíveis de modificação. Até lá (a votação), tudo é possível. Aceitamos discutir tudo. Esperamos que as MPs sejam, em seu conjunto, aprovadas. (Esperamos) votar preservando o conjunto das medidas, em acordo com o Congresso e com as centrais sindicais. Vai passar na Câmara melhor do que chegou — disse o ministro da Previdência, Carlos Gabas.
Depois da coordenação, foi a vez de Temer reunir em seu gabinete os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Aloizio Mercadante (Casa Civil), Nelson Barbosa (Planejamento), Luís Inácio Adams (AGU), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Gabas, e os deputados e senadores que estão relatando as MPs para tentar avançar no texto.
Segundo Temer, as alterações poderão ser colocadas nos relatórios a serem apresentados nesta semana. Temer indicou que as mudanças poderão ocorrer nos prazos de acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial.
— Acho que tempo pode ser examinado. Todos eles (os prazos) serão examinados. Não estou garantindo nada. Amanhã os relatores vão anunciar isso para vocês — disse Temer.
Emendas
No começo da noite, Temer chamou ao seu gabinete para uma reunião os líderes do PT na Câmara e no Senado. Os petistas apresentaram centenas de emendas às MPs e resistem a aceitar as perdas trabalhistas contidas no texto, principalmente a ampliação do prazo para obtenção do seguro desemprego de seis meses para 18 meses.
O vice-presidente lembrou que o acertado com o conselho político, integrado por presidentes e líderes dos partidos aliados, foi que todos apoiariam o ajuste, mas com aperfeiçoamento do texto.
— Ficou estabelecido no documento que eles aprovariam o ajuste com as melhorias introduzidas eventualmente pelo Congresso — disse.Para Temer, que participou de três reuniões para tratar do ajuste fiscal, este foi um “dia útil” de negociações com o Congresso: — Acho que as coisas vão indo bem. Está havendo uma interação do Executivo com o Legislativo. O Legislativo está colaborando muitíssimo. As coisas vão andando bem — afirmou Temer.
Campanha
Como forma de tentar desfazer a ideia de que o ajuste fiscal será feito com base na perda de direitos dos trabalhadores, o governo lançará nos próximos dias uma campanha publicitária para esclarecer a população sobre as medidas de ajuste fiscal.
Durante a tarde, o novo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, reuniu os coordenadores de comunicação de todos os ministérios para pedir que todos defendam o ajuste fiscal.
Na conversa, ele pediu que os ministros se exponham mais na mídia, explicando as medidas do governo e não se atendo somente às suas áreas de atuação, mas à gestão como um todo.
— Queremos todo mundo no governo com a mesma voz, a defesa do ajuste — disse o ministro aos auxiliares. No encontro, foi distribuída uma cartilha “Ajustar para avançar” com um resumo das medidas e com argumentos de como defendê-las.
Fonte: O Globo
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