Projetado para homenagear o movimento sindical brasileiro e, como consequência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Museu do Trabalhador, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, tem a sua construção cercada de suspeitas de irregularidades. Com o prazo de conclusão estourado em mais de dois anos, a obra, bancada com 80% de recursos da União, está sendo investigada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público (MP) e ainda deve custar 30% acima do previsto.
Paralisada há seis meses, a construção, conhecida na cidade como “Museu do Lula”, é hoje um esqueleto de concreto num terreno tomado por mato e entulho, em frente à sede da prefeitura. A indicação da data de início da obra na placa oficial foi pintada. Restou apenas o prazo de nove meses para a entrega do prédio, o que deveria ter ocorrido em janeiro de 2013.
— Faz tempo que não aparece ninguém aqui no museu do Lula — diz Aloisio Silva, de 49 anos, funcionário de um posto de gasolina ao lado da obra.
Além das investigações, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) julgou irregular a licitação porque o edital impunha exigências que atrapalhavam a competição.
Ministério planeja dar R$ 3,6 milhões adicionais
O Ministério da Cultura estuda liberar mais R$ 3,6 milhões para o Museu do Trabalhador em São Bernardo do Campo. Pelo convênio firmado em 2010 pelo prefeito Luiz Marinho (PT), amigo de Lula, o museu receberia R$ 14,4 milhões do governo federal e contaria com mais R$ 3,6 milhões da administração local, com orçamento total de R$ 18 milhões. Porém, em 2014, Marinho concluiu que a quantia não era suficiente.
Em abril, pediu e conseguiu mais R$ 600 mil da União. Com os R$ 200 mil da prefeitura que entrariam como contrapartida, o custo total do museu saltou para R$ 18,8 milhões. Quatro meses depois, Marinho reavaliou que precisava de mais dinheiro. Pediu para o ministério R$ 3,6 milhões e se comprometeu a destinar R$ 900 mil oriundos do cofre da cidade. Se o aditivo for aprovado, o custo total do museu chegará a R$ 23,4 milhões, um acréscimo de R$ 5,4 milhões em relação ao valor previsto inicialmente.
Segundo o Ministério da Cultura, a prefeitura de São Bernardo paralisou a obra enquanto o pedido de aditivo está sendo analisado. A administração municipal alegou para a pasta “a necessidade de alterações do plano de trabalho em razão da complexidade da obra”. De acordo com o ministério, “estão sendo readequadas a estrutura predial, instalações hidráulicas e elétricas e esquadrias em geral”. Acrescentou que “há especificidades no terreno, detectadas após o início da obra, que motivaram a readequação”.
O Ministério da Cultura disse ainda que o suporte ao projeto decorre do reconhecimento da importância em se apoiar um museu que conte a história do trabalho e do trabalhador brasileiro. Procurada, a prefeitura de São Bernardo não respondeu aos questionamentos sobre os problemas do museu.
O inquérito da Polícia Federal investiga a demora para a conclusão da obra. Já a investigação do Ministério Publico Federal tem como alvo a participação de um suposto laranja na sociedade da empresa responsável pela construção.
Fonte: Extra.
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