O senso comum diz que o que difere as mentes inovadoras dos meros mortais é a generosidade genética: essas pessoas nasceram inteligentes e com grande capacidade para criar.
São seres que usam mais o lado direito do cérebro e por isso têm um pensamento mais intuitivo e menos convencional. Mas criatividade e capacidade de inovar não são qualidades com as quais as pessoas nascem com ou sem. Pelo menos é o que dizem os pesquisadores Jeff Dyer, Hal Gregersen e Clayton M. Christensen, autores do livro The Innovator´s DNA (O DNA do Inovador).
No livro, os estudiosos argumentam, com base em diversos estudos empíricos, que características criativas não são apenas regalos da natureza, mas que podem ser desenvolvidas. Está bom, muita gente diz isso. Só que esse é um estudo rigoroso conduzido por profissionais de três universidades de prestígio: Harvard, Marriott School e Insead. Eles chegaram à conclusão de que de 25% a 40% de nossa capacidade criativa é determinada geneticamente. O restante – quase dois terços de nossa competência para inovar – vêm de um roteiro básico. Primeiro deve-se entender a tal característica (ou o processo criativo), depois praticá-lo e, por fim, ganhar confiança na própria capacidade de criar.
Se os inovadores podem ser criados, como fazê-lo? E como eles têm as ideias geniais? Depois de pesquisar mais de 500 pessoas realmente inovadoras e compará-las com cerca de 5.000 executivos, eles identificaram cinco elementos que compõem o verdadeiro criativo. Eis as suas conclusões.
Capacidade de associação: É considerada a principal característica dos inovadores. As associações acontecem quando o cérebro tenta sintetizar informações em sequência, dando-lhes lógica e coerência. É isso que ajuda nas descobertas de conexões entre questões aparentemente isoladas. “As rupturas inovadoras geralmente acontecem na interseção de diversos campos e disciplinas”, escreveram os autores no prefácio do livro. Pensadores inovadores ligam ideias nas quais outras pessoas não veem relação. É o que alguns pesquisadores chamam de “Efeito Médici”, em referência à explosão de criatividade e cultura vivida em Florença, durante o Renascimento. A família de mecenas reuniu tantos artistas, pintores, poetas, músicos, escultores, arquitetos, que a cidade italiana viu o desabrochar de uma das fases mais inovadoras da história da humanidade. Um artista se aproveitou do conhecimento passado pelo outro e o resultado foi a exuberância intelectual e artística da época.
As outras quatro qualidades dos inovadores acionam o pensamento associativo ao incrementar seu repertório, de onde surgiram as novas ideias.
Questionamento: Inovadores quase sempre são aquelas pessoas chatas que não deixam uma dúvida passar em branco. Sempre questionam tudo. Geralmente eles desafiam o status quo e não aceitam fórmulas fáceis. Uma de suas frases mais proferidas é: “O que aconteceria se a gente modificasse isso?”. Pessoas assim fazem perguntas para entender como as coisas realmente são, por que são de determinada maneira e como elas podem ser desafiadas ou subvertidas. Suas perguntas provocam uma revoada de pensamentos e insights coletivos que levam a sociedade para o rumo da inovação.
Observação: Um inovador está sempre de olho nas coisas. São observadores detalhistas, e o todo o mundo é objeto de seu escrutínio: consumidores, produtos, serviços, tecnologias, estruturas, processos. As observações funcionam como lenha para sua explosão de ideias e novos parâmetros para fazer as coisas. Steve Jobs criou o sistema operacional para seus primeiros Macintosh – e até mesmo do atual OSX – depois de uma visita ao centro de inovação da Xerox.
Networking: Inovadores gastam muito do seu tempo e energia testando ideias por meio de uma ampla rede de contatos com diferentes perspectivas e bagagem cultural. Mas não é aquele networking convencional de tapinha nas costas. Eles conversam, preferencialmente, com pessoas com quem não concordam em nada. Mais que contatos sociais, eles querem ideias frescas. Buscam pensamentos ousados, mentes rebeldes e conceitos completamente fora de sintonia com os padrões estabelecidos.
Experimentação: Por fim, os inovadores estão constantemente experimentando. Eles vivem e exploram o mundo de maneira sensorial e intelectual. Não são convictos em nada e sempre estão aventando novas hipóteses. São early users de tudo. Visitam novos lugares, pesquisam novas ideias e tentam aprender coisas diferentes todos os dias. Dessas variadas experiências germinam novas ideias.
Num plano coletivo, essas características desbravadoras – a qualidade cognitiva de associar e as qualidades comportamentais de questionar, observar, comunicar e experimentar – compõem o DNA do inovador, o mapa para a geração de ideias de negócios inovadoras.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
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