RIO – O aumento nos preços da gasolina das refinarias, de 3,3%, anunciado pela Petrobras começa a valer nesta terça-feira. Em cinco dias, só no mês de setembro, foram três aumentos, somando 10,2% para a gasolina. Já no caso do diesel, a alta acumulada chega a 5,3%. A Petrobras informou que a política de preços da estatal para diesel e gasolina leva em consideração, entre outros fatores, o alinhamento com as cotações internacionais dessas commodities. E ressaltou que pode haver influência de eventos como a tempestade tropical Harvey, que levou à paralisação de refinarias no Texas.
A presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência do município do Rio, Maria Aparecida Schneider, considera positiva a nova política de preços da Petrobras. Mas observa que a flutuação dos preços causa certa instabilidade no mercado, já que postos e distribuidoras estão trabalhando com estoques baixos devido à queda da demanda. Segundo o sindicato, as vendas de combustível no Rio despencaram de 25% a 30%, contra 6,5% na média nacional. Em dois anos, aponta a entidade, o número de postos registrados caiu de 903 para 700.
— Para nós (o aumento) é péssimo. Hoje, o repasse é quase automático, por causa dos estoques muito baixos, que duram no máximo de dois a três dias. Parece até que voltamos ao tempo da inflação. Operacionalmente, é uma questão administrativa enlouquecedora, porque é preciso comprar mais caro e depois repassar ao consumidor — disse Maria Aparecida.
Exatamente por causa da queda nas vendas, porém, os postos vêm tentando segurar os reajustes, enquanto os estoques permitirem. A reportagem do “Globo” esteve na segunda-feira, logo depois do anúncio, em seis postos de gasolina, nas zonas Norte e Sul e no Centro. Apenas três elevaram os preços, enquanto um manteve e dois registraram redução, em comparação à primeira semana de agosto, após o anúncio do aumento do PIS/Cofins sobre combustíveis. Na Lagoa, o posto Piraquê manteve o litro da gasolina em R$ 4,498. No posto Petrobras Distribuidora em frente à Uerj, na Radial Oeste, os consumidores passaram a economizar R$ 0,10: o litro saía a R$ 3,99. Já no posto Parque do Flamengo, no Aterro, a redução foi de R$ 0,05, para R$ 4,39.
— Não tem como nós reajustarmos preços todos os dias. É preciso esperar pelo menos uma ou duas semanas para repassar o ajuste ao consumidor. E, enquanto isso, quem sofre somos nós — explicou Paulo Miranda Soares, presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes.
Ele disse, ainda, que, como nem sempre as distribuidoras acompanham as reduções de preço feitas pela Petrobras, os varejistas arcam com os prejuízos, mas não com as benesses.
O maior preço encontrado foi na Zona Sul, junto ao Parque dos Patins, na Lagoa: R$ 4,559 o litro da gasolina. Foi onde, por falta de opção, o professor da PUC-Rio Marco Antônio Grivet abasteceu:
— Costumo abastecer em Botafogo, em um posto que cobra R$ 3,80. É absurdo esse preço daqui, mas estou precisando.
E o novo reajuste não deve pesar apenas no bolso dos motoristas. O economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz lembra que a alta do diesel acaba afetando os valores do frete, o que se reflete nos preços dos alimentos:
— A algum aumento o consumidor vai assistir ao longo do tempo. O que a gente espera é que os ajustes constantes da Petrobras possam se reverter em pressão inflacionária menor, já que os preços não ficam represados para subir de uma vez.
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