Uma das variáveis importantes para a definição da disputa entre José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) será o controle da agenda da eleição.
Candidata de um governo muito bem avaliado, Dilma apostará na comparação de resultado das gestões de Lula com Fernando Henrique.
A peça-chave da estratégia é o presidente Lula, que, com sua elevada popularidade, será o principal cabo eleitoral de sua candidata.
De acordo com a última pesquisa Datafolha (junho), Dilma tem potencial para chegar a 66% dos votos: 44% afirmaram que certamente votariam em um candidato apoiado por Lula e 22% disseram que podem votar.
O objetivo, portanto, é colar a imagem de Lula em Dilma e vender para os eleitores a ideia de que ela representa a continuidade das conquistas da atual administração.
Como há espaço reduzido para um discurso oposicionista, a estratégia de Serra será tentar “tirar” o governo Lula do debate.
O objetivo do PSDB é fazer com que se discuta quem é o mais experiente para governar o Brasil. Na avaliação dos tucanos, Serra se beneficiaria por já ter sido deputado federal, senador, prefeito e governador, enquanto Dilma disputa sua primeira eleição.
Segundo Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope, uma questão muito importante nesta eleição presidencial é: qual dos candidatos (Serra ou Dilma) conseguirá convencer os eleitores de que os avanços obtidos nos últimos anos vão continuar?
Numa disputa eleitoral, o candidato que controla a agenda é aquele que consegue estabelecer um discurso que se conecte com as principais demandas do mercado eleitoral.
Observando o cenário, parece claro que a agenda das eleições é de continuísmo. Quem controlar melhor essa agenda, vencerá a disputa.
Por conta do cenário econômico favorável, com geração de empregos, elevado poder de consumo e satisfação com os programas sociais, e da associação com o presidente Lula, é mais fácil Dilma Rousseff controlar a agenda.
Daí muitos acreditarem que ela tem tudo para ganhar a disputa, desde que não cometa muitos erros.
Seu adversário, José Serra, poderá conseguir o objetivo de se apropriar da agenda. Porém, sua tarefa é bem mais complicada.
O candidato do PSDB tem pouca munição. Ao longo dos últimos sete anos, seu partido não conseguiu construir uma agenda clara com a qual pudesse se apropriar dos acertos do governo Lula e apontar, com precisão, seus erros e equívocos.
Para tentar contornar esse problema, Serra tem dedicados suas críticas para saúde, segurança pública e impostos.
Segundo última pesquisa Ibope (junho), são as áreas onde o governo apresenta as piores avaliações.
Para os entrevistados do instituto, nesses quesitos a vida das pessoas piorou muito ou piorou um pouco para 34%, 38% e 33%, respectivamente.
A questão da agenda também deve preocupar muito a candidatura de Marina Silva. Sem ter grandes apelos no campo da gestão e da economia, Marina vai tentar mostrar um jeito diferente de fazer o mesmo e, ainda, inserir a agenda ambiental no debate.
Talvez seja muito para tão pouco tempo de campanha.
Fonte: Jornal “Brasil Econômico” – 22/06/10
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