A reportagem de Veja, Salto no escuro é reveladora de quão distante da realidade de ensino está a pedagogia. Aliás, pedagogo falando de ensino ou ‘educação’ como preferem chamar, é análogo a um padre falando de sexo. Bem… dada a “atual conjuntura”, eu diria que a maioria dos padres não pode com conhecimento de causa. Mas, este é outro assunto…
A reportagem de Veja, Salto no escuro é reveladora de quão distante da realidade de ensino está a pedagogia. Aliás, pedagogo falando de ensino ou ‘educação’ como preferem chamar, é análogo a um padre falando de sexo. Bem… dada a “atual conjuntura”, eu diria que a maioria dos padres não pode com conhecimento de causa. Mas, este é outro assunto…
Hoje mesmo assisti a um psicólogo (da educação) comentando em palestra sobre o tema inclusão. Sua crítica é conhecida “vivemos numa sociedade ‘normatizadora’ que reprime a diversidade colocando bloqueios aos que são diferentes, os chamados deficientes (visuais, auditivos, físicos, intelectuais, etc.)”. O caso é o seguinte: quando este mesmo pessoal se referia ao governo FHC, em tom de crítica, diziam que o simples aumento de matrículas (para agradar o Banco Mundial…) não significava melhoria no ensino, mas agora comemoram quadros como este:
Fonte: portal.mec.gov.br
Então, “companheiros”, quem garante que o avanço das matrículas em classes comuns (em detrimento das classes especiais) significa, de fato, uma evolução/melhoria no sentido de incluir o aluno especial com diferentes deficiências a um cotidiano comum? Quer dizer então que agora a análise meramente quantitativa vale e antes, no governo FHC, o “quantitativismo” era questionável? Dois pesos e duas medidas…
Vejamos, o que é uma normal? Trata-se de um gráfico em forma de sino, como o que segue:
Fonte: www.pesquisapsicologica.pro.br/
No centro da curva se encontra a maioria, isto é normal. O que não se depreende de que o normal é o certo, o bonito, o bom. Isto é juízo de valor. Se estivermos em uma sociedade guerreira, o normal será constituído por um maior agregado de assassinos profissionais, por exemplo. Voltando ao caso em pauta, na ponta da direita, segundo critérios de inteligência cognitiva, por exemplo, estarão os “bem dotados” como eram chamados antigamente. E na rabeta da esquerda, os “excepcionais” (embora o outro extremo também seja…excepcional). Nada de mais. Mas, em se tratando de incluir o grupo de trás ao meio, eles até poderão melhorar seu desempenho, mas dificilmente o farão com sua posição relativa. Na melhor das hipóteses, a curva de normal se arrastará para a direita porque somos desiguais enquanto grupo humano (e o mesmo vale para qualquer espécie animal dependendo do que se quer avaliar).
Agora, duvido que me provem que colocar indivíduos com qualquer tipo de deficiência em classes comuns (com mais de 30 alunos, como é de praxe) signifique uma melhoria. Não funciona, basicamente, porque este tipo de aluno precisa de atendimento especializado e uma maior atenção… individual. Falando francamente, isto só tem força de argumento nos meios educacionais hodiernos porque se acredita, piamente, na ideologia, nada mais.
Anos atrás, quando trabalhei numa escola particular do Morumbi em São Paulo, tive dois alunos especiais e, para minha surpresa, minha coordenadora de área dissera que eu fui o único a entender como o processo (eles adoram esta palavra porque sempre inclui uma promessa…) deve se dar. Minha “mágica”: eu conversava com os alunos e fazia provas adequadas ao seu nível de raciocínio.
Com um deles tive certo sucesso porque seu pai, um sujeito formidável que vinha dialogar comigo com cara de estafado de tanto trabalhar (tinha uma dupla jornada: fora abandonado pela mulher), sustentava três filhos sozinho. Já o outro aluno dormia direto durante as aulas. Certo dia bati um papo com ele e perguntei o que costumava fazer em casa…
– Eu gosto de jogar video-game.
– Bem, até que horas tu faz isto?
– Até umas duas…
Tá explicado. O maior erro é tratá-los como incapazes e a grossa maioria os discrimina de outra forma, como “coitadinhos”. Chamei seus pais, que nunca vieram falar comigo. Provavelmente também o viam como um pobre coitado que nunca deveria receber limites ou orientação, disciplina enfim.
Cara, sem disciplina não existe ensino. O resto é bobagem. Amor se dá em casa; na escola, se dá regra.
E como tê-la em um ambiente caótico de verdadeira luta pela atenção e imposição da disciplina com salas superlotadas porque as prefeituras investem mais em cargos de confiança, licenças-prêmio para professores efetivos, readaptações para funcionários saudáveis que alegam “depressão”? Tudo sob uma retórica comum de direitos. Direito para o aluno, direito para os servidores e, nesta toada, milhares de municípios brasileiros não têm material humano disponível. A “era dos direitos” veio para acabar com a sociedade. Excesso de nenhum lado é bom.
Quando a matéria da Veja diz sobre o construtivismo que:
Traduzindo e caricaturando: como não faz frio suficiente na Amazônia para congelar os rios, um aluno daquela região pode jamais aprender os mecanismos físicos que produzem esse estado da água apenas por ele não fazer parte de sua realidade. Isso está mais longe de Piaget do que Madonna da castidade.
Estas pedagogias (não tão) modernas servem, antes de mais nada, para o simples imobilismo.
Gosto de trabalhar com cursinhos (pré-vestibulares) e o que aprendi com eles é que o mérito força o sujeito. Se alunos normais podem buscá-lo, especiais também em seu meio, em suas condições. A isto, os pedagogos chamam de “exclusão normatizadora”, mas eu entendo como apoio. A socialização por sua vez pode existir sim, mas estimulando suas atividades em meio adequado, o que dista anos-luz de colocá-los em salas de aula onde não terão essa chance e serão constantemente vitimados pelo assédio dos que os vêem como incapazes, ou seja, seus próprios colegas.
Depende do pedagogo…tem muitos pedagogos em sala de aula,sou a favor da inclusão de alunos com NEE, na minha opinião a escola especial segrega e limita o aluno por não oferecer modelos “saudáveis”. não esqueça que a inclusão é um processo novo, portanto acho complicado o posicionamento contrário, na educação e acredito que em área alguma se “acerta” de uma hora para outra, estamos falando de anos para se chegar a perfeição, a prove disto é a experiência de alguns países europeus.