Para vencer o desafio de fazer muito com orçamentos limitados, conferir transparência às ações oficiais e dar respostas rápidas às demandas da população, governos estaduais, prefeituras e órgãos públicos estão recorrendo à ajuda das startups.
Os empreendedores, por sua vez, já perceberam que o poder público pode ser um parceiro comercial fundamental para conquistar o crescimento.
É o fenômeno das govtechs, que começa a ganhar força em todo o Brasil. Em São Paulo, o governo estadual promove o programa PitchGov, em parceria com a ABStartups.
O objetivo é selecionar startups que proponham soluções para problemas nas áreas de educação, saúde, transporte, habitação e saneamento, entre outros. O programa não prevê repasse financeiro, mas as empresas têm a oportunidade de testar suas soluções com escala.
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Uma das govtechs a se beneficiarem da iniciativa foi a Numa, selecionada na primeira edição, em2015. A startup paulista criou o Poupinha, um chatbot que otimiza os agendamentos do Poupatempo em todo o estado, permitindo realizar agendamentos e tirar dúvidas online.
Hoje, a startup atende em média 18 mil pessoas por dia. A iniciativa do PitchGov deu tão certo que a ABStartups e o governo lançaram, em abril, uma cartilha para disseminar o modelo para outros estados, prefeituras e órgãos públicos. “Trabalhar para o poder público é uma excelente oportunidade para os empreendedores”, diz Amure Pinho, presidente da ABStartups. “Os governos são clientes com escala e peso. Quem consegue atendê-los mostra-se apto a atender qualquer grande empresa”, afirma.
Confira abaixo quatro startups que já estão lucrando com a parceria.
Comunicação ágil
Fundada em 2012, a paulistana MGov desenvolveu a plataforma ImpactCom, que usa SMS e unidade de resposta audível (URA) para ajudar gestores de políticas públicas e programas de impacto social a estabelecer comunicação direta com seus públicos-alvo, que muitas vezes não têm acesso à internet.
Em 2015, a MGov fez uma parceria coma Fundação Lemann para criar o EduqMais, uma biblioteca de conteúdo para o engajamento de famílias de alunos de escolas públicas.
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Big data no governo
Coletar, organizar e visualizar grandes volumes de dados públicos é a proposta da 4MTI, empresa de Belo Horizonte (MG). Para isso, criaram a ferramenta de Big Data Diagnóstico Público, já adotada pelo Sebrae-MG e pela prefeitura de Contagem.
Para o Sebrae, foi feita uma avaliação da participação das micro e pequenas empresas nos processos de compra de 853 municípios. Em Contagem, a solução está sendo usada para analisar a situação do município em relação a metas de sustentabilidade da ONU.
Para ouvir a cidade
A CityTech, de São Paulo, começa neste mês a trabalhar comercialmente um produto que ajuda as prefeituras a conhecer e gerenciar as demandas de seus cidadãos.
O Urban Insights rastreia publicações em redes sociais e sites de notícias para entender o que as pessoas estão falando de suas cidades.
Depois de processados, os dados aparecem em um painel de insights para o gestor público. “Em tempo real, ele pode saber o que as pessoas estão comentando”, diz Daniel Merege, 28 anos, cofundador e CEO da empresa.
Economia e melhores processos
A GovTech, fundada em 2010 em Campinas, especializou-se em desenvolver soluções para necessidades pontuais de administrações municipais de pequeno e médio porte, com foco em sistemas de comunicação e gestão de fluxo de trabalho.
O carro-chefe da empresa é o Memorando On-Line, que substitui os documentos impressos por versões eletrônicas, válidas como documentos oficiais. “Em Canoas, no Rio Grande do Sul, a prefeitura teve uma economia de R$ 60 mil no primeiro ano só com papel”, afirma Braga.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”