Eu sou um “observador da cena”. Não fecho com o Bolsonaro, mas também não entro na retórica das esquerdas, muito longe disso. Uma coisa, no entanto, me mobiliza. Sou muito favorável a uma agenda de governo, que tenha as reformas estruturais, como da Previdência, a tributária, trabalhista, do Estado, dentre outras, como prioridades. Adiamos por mais de 14 anos esta agenda. Um dia ela teria que chegar e chegou.
Nas manifestações dos dias 15 e 26 me parece claro quem se manteve a favor das reformas, quem não. Isso se viu nos conteúdos, nas bandeiras de luta das duas manifestações. Destas bandeiras de luta, claramente, há um lado que esteve no lado correto da história. Partindo-se disso, algumas considerações merecem ser feitas.
Luta pelo Ensino superior gratuito: Como pode isso, com as universidades caindo aos pedaços e 90% dos orçamentos comprometidos com pessoal? Professores recebem vários adicionais, se aposentando e, muitas vezes, retornando para os mesmos cargos, ou outras linhas de pesquisa, comprometendo totalmente a gestão das universidades. Será isso correto? Na verdade, as estruturas das universidades estão “destruídas”, porque a garotada não respeita o patrimônio e pouco se importa com a sua preservação. Andamos por aí e vimos o estado das universidades nos EUA, na Europa. Por que no Brasil tem que ser diferente?
Lula livre: Não vou nem comentar isso. Me nego a considerar que uma criatura ainda defenda uma estultice destas. O Lula virou preso comum, é um cidadão que ajudou na montagem do maior esquema de propinagem da história recente e merece estar onde está.
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Corte nas Universidades: “Bolsonaro quer acabar com as universidades públicas e gratuitas”. Embora nunca tendo escutado isso dele, não discordo. Na UE, têm muitas universidades que cobram taxas de matrícula e mensalidades, simbólicas que sejam. O que o MEC anunciou foi o contingenciamento de 3,4%, algo que os governos passados já fizeram várias vezes. O ministro da Educação fez um mapeamento completo das universidades. Deve estar tudo lá no site do MEC. E o que ele viu não foi legal. As esquerdas não possuem argumentos e partem para as “desgastadas” palavras de ordem.
Bolsonaro fascista: Sim, ele é conservador e seria de bom grado se manter mais discreto. Fala muitas coisas inapropriadas e totalmente fora do tom. Seria melhor para a governabilidade ele se calar e deixar a área econômica seguir o rumo correto.
Contra a agenda liberal: Não dá para ser muito radical nas privatizações, mas 440 empresas públicas para quê? Apenas um objetivo, atender aos apaniguados. Sou favorável à ação pesada do governo, privatizando tudo que for possível, desde subsidiárias da Petro, a própria Eletrobras, o BB, reduzir o tamanho da Caixa e do BNDES, sendo este um tremendo cabide de empregos, etc. A estrutura de estatais é muito pesada.
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Enfim, pelos conteúdos em ambas as manifestações, naturalmente, eu tenderia a apoiar mais as do dia 26 e não as do dia 15. Isso me parece óbvio. A ocorrida no dia 15 veio dos desencontros e desastrados movimentos do presidente e parte da sua equipe. Esperamos que depois do dia 26 as oposições pensem duas vezes se é viável derrubar o governo Bolsonaro no grito.