O presidente da Suzano, Walter Schalka, diz que a aprovação final da reforma da Previdência, que ainda depende do segundo turno na Câmara e da votação no Senado, pode trazer investimentos para o País em um prazo relativamente curto.
“Essa reforma é ligeiramete recessiva, pois tira um pouco de recursos da economia, mas ela traz a credibilidade com os investidores. E o investimento que virá para o Brasil vai ser significativo, vai irrigar a economia brasileira e permitir a retomada do emprego”, diz o executivo da companhia de celulose e papel, que no ano passado comprou a rival Fibria.
Segundo ele, uma vez terminada a tramitação da reforma da Previdência, o próximo passo é atacar as ineficiências da máquina estatal brasileira. “O Estado brasileiro gasta muito e entrega muito pouco para o cidadão, sendo absolutamente ineficiente. Precisamos aumentar a produtividade do setor estatal, é a próxima (reforma) a ser feita.”
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Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista de Schalka ao Estado:
A reforma da Previdência traz um alento à economia brasileira?
É fundamental. Ela é condição absolutamente necessária, mas não suficiente, para destravarmos a economia do Brasil. Vamos passar por uma segunda votação na Câmara e pelo Senado. Espero que não haja nenhum processo de desidratação do texto. A reforma aprovada em primeiro turno não é ideal, mas é suficientemente boa para que a gente possa passar para outras agendas, que são as reformas microeconômicas e as privatizações.
O que a reforma pode trazer de vantagens?
Ela é condição suficiente para a retomada dos investimentos, que são a única forma de retomada da economia. Tenho falado com muitos investidores externos, e a reforma da Previdência é vital para que se garanta um déficit fiscal controlado. O déficit não vai melhorar no médio e prazos, mas pelo menos se eliminará o crescimento da curva negativa. O mundo está muito ansioso pela deliberação final do Congresso sobre a reforma.
E esse fôlego pode vir relativamente rápido?
O que vai acontecer é o seguinte: essa reforma é ligeiramete recessiva, pois tira um pouco de recursos da economia, mas ela traz a credibilidade com os investidores. E o investimento que o virá para o Brasil vai ser significativo, vai irrigar a economia brasileira e permitir a retomada do emprego. É o investimento que vai gerar emprego e a roda do crescimento. Eles devem voltar de forma gradativa, mas serão expressivos, trazendo uma curva positiva.
Após toda a tramitação da reforma da Previdência, qual é a próxima reforma necessária, em sua opinião?
A reforma do Estado. O Estado brasileiro gasta muito e entrega muito pouco para o cidadão, sendo absolutamente ineficiente. Precisamos aumentar a produtividade do setor estatal, é a próxima a ser feita.
E a reforma tributária?
O pessoal fala muito da reforma tributária, e eu também sou a favor, pelo lado da simplificação. Mas, em função do déficit que o País tem, não é viável diminuir a carga tributária, pois isso vai travar ainda mais a economia. A reforma tributária é desejável, mas não é a solução necessária para que a economia dê um salto de qualidade em termos de eficiência.
+ Marcus André Melo: A forma da reforma
O que o sr. acha do protagonismo do Congresso na tramitação da reforma da Previdência?
O alinhamento entre executivo e legislativo é fundamental. Para os cidadãos pouco importa de onde parta a iniciativa, mas hoje existe um alinhamento forte de ideias entre Legislativo e Executivo. Existem pequenas divergências, mas eu vejo essa proximidade com bons olhos. É importante a iniciativa do Legislativo em gerar ideias que possam transformar o Brasil.
Conseguimos, então, finalmente sair da ‘teoria’ para a ‘prática’ das reformas?
Demos um passo importante, mas ainda temos de passar pelo segundo turno na Câmara e pelo Senado. Nada garante, ainda, que essa reforma e as próximas serão aprovadas. O que eu vejo é uma predisposição da sociedade em geral de fazer as reformas acontecerem. O Brasil acordou para o fato de que as reformas são absolutamente necessárias para deixarmos de ter um crescimento marginal, muito abaixo do nosso potencial como nação.
Fonte: “Estadão”