A pandemia do novo coronavírus atingiu as empresas industriais de diversas maneiras com a queda da demanda, diminuição ou mesmo paralisação da produção, dificuldades logísticas e dificuldade de acesso a crédito. Para sete em cada dez empresas do setor, a queda no faturamento é o principal impacto da pandemia neste momento, segundo a Sondagem Especial: Impacto da covid-19 na Indústria, elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Além da queda no faturamento, 53% dos empresários também citaram o recuo das atividades produtivas entre os principais impactos da crise. Em seguida, 45% apontaram a inadimplência dos clientes; 44% falaram da queda de pedidos e encomendas e 34% reclamam da paralisação da produção. A dificuldade de acesso a crédito foi citada por 22% dos empresários industriais.
Em resposta à queda da demanda, 76% das empresas pesquisadas reduziram ou paralisaram a produção. A Sondagem ouviu 1.740 empresas, entre os dias 1º e 14 de abril. Outras 45%, apesar de continuarem em operação, registraram queda ou queda intensa na produção. Apenas 4% dos empresários relataram aumento ou aumento intenso da produção.
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De acordo com os dados, 59% dos empresários estão com dificuldades para cumprir os pagamentos correntes e 55% relataram que o acesso a capital de giro ficou mais difícil. Quando questionados sobre as medias tomadas em relação à mão de obra, 15% das empresas afirmam que demitiram funcionários.
“A pesquisa sinaliza como a indústria estará pós-pandemia. Nós já imaginávamos que o setor industrial sofreria bastante, pois já estava debilitado e iniciando sua recuperação, quando fomos pegos de surpresa por essa crise. Apesar disso, há um grande esforço para se manter os empregos, o que é muito importante, principalmente diante dessa nova realidade”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi. “Mas o principal problema das empresas é o acesso ao crédito, os recursos não estão chegando na ponta”, completa.
Os impactos negativos da pandemia eram sentidos por 91% das indústrias brasileiras até abril, segundo o levantamento. Apenas 6% dos empresários responderam que a empresa não foi impactada e para outros 3% o impacto foi positivo.
Com relação à demanda pelos produtos e serviços, 38% dos entrevistados relataram que houve queda intensa na demanda e outros 38% reportaram queda. Os setores que mais tiveram queda intensa da demanda foram os de vestuário (82%), calçados (79%), móveis (76%), impressão e reprodução (65%) e têxteis (60%).
A pesquisa aponta ainda que, entre as empresas industriais, 59% consideram que está difícil ou muito difícil a disponibilidade financeira para lidar com pagamentos de rotina, como tributos, fornecedores, salários, energia elétrica, aluguel.
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A crise também desorganizou a estrutura logística e dificultou o acesso a insumos e matérias primas necessárias à produção. A Sondagem mostra que, pelo lado da oferta, 76% das empresas têm enfrentado dificuldades na logística de transporte de seus produtos ou insumos em razão da pandemia. Entre as empresas industriais, 77% afirmam também terem encontrado dificuldades para obter insumos ou matérias primas.
Empregados
Quase todas as empresas industriais, 95%, adotaram medidas em relação aos seus colaboradores como resposta à crise. Entre as medidas mais adotadas, 65% das empresas afastaram empregados do grupo de risco e promoveram campanhas de informação e prevenção, com medidas extras de higiene na empresa.
O home office foi adotado por 61% das empresas. A concessão de férias para parte dos empregados foi adotada por 50%; e o afastamento de empregados com sintomas da doença por 49% das empresas.
Fonte: “Estadão”