Tanto o final da era Lula quanto o início da gestão Dilma Rousseff padecem de avaliações que oscilam entre o pessimismo, a má-vontade e o otimismo. Os pessimistas acreditam que 2011 poderá ser um ano muito difícil. Os que têm má-vontade têm certeza de que tudo vai dar errado.
E os otimistas vêem os desdobramentos futuros como absolutamente positivos.
Alguns já lembram que determinados indicadores econômicos estariam se deteriorando. A preocupação estaria centrada na inflação, no câmbio e no superávit primário. Em 2010, até novembro, o IPCA (índice oficial de preços) subiu para 5,25%.
Ele deve fechar 2010 perto do teto da meta do Banco Central (6,5%). Por isso, o BC pode ter que aumentar os juros já em janeiro. O dólar continua derretendo e o Real super valorizado.
A combinação desses indicadores apontaria para um ano difícil e de grande complexidade para a gestão econômica. Não é bem assim. O quadro que se apresenta para Dilma é o melhor que um presidente da República encontra desde o primeiro mandato de FHC.
Evidente que em 2011 não iremos repetir o crescimento de 2010. O governo tenderá a ser mais parcimonioso no campo fiscal para curar as ressacas das medidas anticíclicas do pós-crise de 2008 e do estrago tradicional nas contas públicas em anos eleitorais.
Além da consciência do cenário, a favor de Dilma, temos vários aspectos. A equipe econômica que se apresenta para gerir a economia em 2011 é experiente e tem ainda a presença de Antonio Palocci como uma espécie de “advisor” para questões macroeconômicas.
No mercado, não existem resistências ao financiamento da dívida interna. No campo externo, o buraco nas contas é um problema sério. Mas, felizmente, pode ser adequadamente gerenciado ao longo dos próximos anos.
Quanto à inflação, Dilma mostrou-se disposta a pagar o preço que for para mantê-la sob controle.
Assim, por mais que existam desafios complexos a serem vencidos, não devemos adotar uma postura pessimista nem nos iludirmos com um cenário céu de brigadeiro. 2011 será um ano de ganhos econômicos e sociais e de crescimento significativo do PIB.
Ainda que menor do que em 2010. No campo social, a dinâmica econômica e o mercado interno continuarão a provocar ganhos e, sobretudo, consolidar os avanços ocorridos nos últimos anos.
Talvez a grande interrogação de 2011 seja o ambiente externo. Uma grave crise econômica ronda a Europa. Os Estados Unidos ainda não se recuperaram de 2008. E se cogita, seriamente, a morte do euro nos próximos dez anos.
Portanto, sem querer se filiar ao pessimismo obtuso ou ao otimismo lunático e, sobretudo, repudiando a má-vontade que não é boa conselheira em se tratando de cenários, vemos o Brasil de 2011 com boas perspectivas mesmo que existam desafios complexos e importantes.
A raiz da minha confiança está no fato de que existe o completo entendimento de quem chega ao governo dos desafios e das oportunidades que se apresentam. Tal aspecto ficou bem claro nos discursos de Dilma.
Fonte: Brasil Econômico, 04/01/2011
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