Se a Espanha encarasse o turismo com a mesma seriedade que o Brasil, não teria faturado 60 bilhões de dólares com visitantes em 2010. O orçamento mirrado e a irrelevância de uma pasta periférica, usada como moeda de troca política, e o desempenho pífio dos seus ministros e gestores, ajudam a explicar porque o Brasil só faturou 6 bilhões.
A lambança no Ministério do Turismo, a patética figura do ministro octogenário que paga contas de motel com dinheiro público, a infinidade de ONGs de fachada, de “turismólogos” e “cursos de capacitação” fantasmas são o resultado da importância que o governo dá ao turismo – uma indústria limpa e sustentável, que não tira nada do País, só trás divisas, gera empregos e divulga nossa cultura.
Com orçamento indigente, o ministério vive de emendas de deputados e senadores. No ano passado, 460 parlamentares destinaram 2,7 bilhões para o turismo, que fizeram a festa dos promotores de festas com dinheiro público. Com o clamor na imprensa e os cofres arrombados, o governo proibiu a mamata. A nova festa é o “curso de capacitação”: só mudam as moscas, o lixo continua o mesmo.
Ladroagens em ministérios são normais no Brasil, frutos podres do aparelhamento político e dos consórcios cleptopartidários. Anormal é o desperdício de um país com o nosso potencial turístico ter um ministério como o que estamos vendo nas páginas policiais.
Em Brasília se acredita que o turismo não exige qualificações técnicas, como engenharia ou urbanismo, basta ser da turma. Lembra o não saudoso Milton Zuanazzi, que foi presidir a ANAC, com resultados desastrosos, porque tinha uma agência de viagens em Porto Alegre e era petista.
A Espanha tem uma estrutura turística eficiente, tem história, diversão e arte, mas é no verão que mais fatura, com as suas praias e ilhas ensolaradas. Neste quesito ganhamos de goleada. A oferta de lazer e de atrações artísticas no Rio de Janeiro e em São Paulo também não fica devendo nada a Madri e Barcelona. Somos 16 vezes maiores, mas fazemos só 10% do que eles ganham com turismo. A culpa deve ser da mídia golpista que difama o País lá fora.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 19/08/2011
Não fui eu que colocou o ministro lá.Se quiserem tirar me avisem, eu apoio.