Pois bem, estamos caminhando para os momentos finais do ano. Algumas retrospectivas começam a ser desenhadas. O primeiro a fazer uma foi Dodô Azevedo, colunista do G1. Seu ponto de partida foi certo cansaço que ele identificou como a sensação que todos sentem quando um ano acaba.
Na retrospectiva, Dodô diz que o campeonato brasileiro acabou antes do tempo: a quatro rodadas da final já sabíamos que o Cruzeiro seria campeão. Meu Botafogo, como sempre, não cansa de perder oportunidade de ser campeão.
Porém, ainda no campo futebolístico, Dodô não deu pelota para a conquista da Copa das Confederações, que, no mínimo, resgatou a confiança do brasileiro na Seleção. Nesse sentido, essa vitória pode se projetar em 2014, criando a primeira vertente do que chamo de presente continuado. Um presente que se projeta anos à frente.
Outros eventos de 2013 se projetarão anos à frente. As manifestações de rua de junho não foram o despertar da cidadania que alguns tentaram fazer crer. Porém não deixarão de afetar as tendências daqui para a frente. De cara, fizeram o establishment político tentar dar um tapa no sistema político. Nada de mais. Ficou na tentativa. Não serviu nem para justificar a expressão “para inglês ver”.
As manifestações não foram o despertar da cidadania apesar de parecer que o país ficaria em chamas. O movimento que se iniciou com uma reivindicação – passe livre para estudantes – transformou-se em salada mista de demandas que não levaram a lugar nenhum. No final das contas, apesar de demolirem popularidades e reputações, os protestos foram capitalizados por desordeiros, vândalos, criminosos e poucos anarquistas românticos.
Mesmo sem o caráter reformador que muitos desejavam, as manifestações vão ficar na história, tanto pelos aspectos políticos quanto pelas consequências nas eleições de 2014. A primeira delas é a certeza de que teremos manifestações durante a Copa do Mundo. A dúvida é saber qual o alcance e qual o impacto. Será mais do mesmo ou algo meio caído?
As manifestações tiveram o efeito de reforçar a mobilização a favor da reforma política, tema que nos assombra sem que se chegue a lugar algum há anos. No entanto, o que se desenha pela frente é grave crise política que um dia vai aparecer e carbonizar o sistema vigente. Será mais um efeito de 2013 no nosso presente continuado.
Também em 2013 tivemos a prisão dos implicados no mensalão. O julgamento, pelos gloriosos acertos e preocupantes erros, é superlativo e causará impacto residual relevante nos próximos anos. Já em abril do ano que vem, o mensalão mineiro chegará ao Supremo tribunal Federal. O julgamento será influenciado pelas circunstâncias que cercaram o do mensalão do PT.
No campo fiscal, 2013 é o ano em que abalamos nossa credibilidade fiscal duramente conseguida nas eras FHC e Lula. Gastamos mais do que devíamos; usamos truques para atingir as metas fiscais; irritamos os investidores; e, por causa de trapalhadas, seremos rebaixados pelas agências de rating no primeiro semestre de 2014.
A combinação dos erros de política fiscal em 2013 com o provável rebaixamento de nosso rating em 2014 provavelmente ficará sendo digerida por alguns anos. Também em 2013, para controlar a inflação, a pilotagem confusa da equipe econômica demoliu a credibilidade da Petrobras, detonando as manifestações de junho. Por tudo o que aconteceu e por tudo o que ainda está acontecendo, 2013 vai demorar muito a acabar.
Fonte: Correio Braziliense
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