Pois é. Basta o Brasil ameaçar crescer a um ritmo superior a 5% ao ano para que um problema crônico volte a aparecer no mercado de trabalho do país: a escassez de oferta de trabalhadores qualificados. E o que é pior, com crise ou sem crise, crescendo pouco ou muito, há uma situação paradoxal persistente: ao mesmo tempo em que os trabalhadores reclamam da falta de oportunidades de trabalho, as empresas reclamam da falta de qualificação. Eis aí, portanto, um nefasto descompasso no mercado de trabalho que deflagra uma triste realidade: sobram vagas que não são preenchidas por falta de trabalhadores qualificados para o exercício das funções requeridas. Qual é a origem desse problema? Tudo começa lá atrás, no ensino fundamental, produzindo uma espécie de herança maldita a ser transmitida ao ensino médio, tais como, altas taxas de reprovação e evasão escolar que resultam em baixas taxas de conclusão, além, da defasagem escolar e a falta de qualidade no ensino. Disso resulta que, em boa parte, os investimentos das empresas brasileiras na formação profissional objetivam suprir as deficiências do ensino fundamental, enquanto que em outros países, tais investimentos priorizam a especialização. Portanto, ter uma educação básica de qualidade é a pedra fundamental para que o país ambicione obter prosperidade econômica e desenvolvimento humano.
Sobretudo, creio que a política educacional brasileira deveria adotar a meritocracia como principal instrumento de avanço. Deveria por exemplo, ser implementado um sistema de avaliação de professores e escolas do ensino básico e não somente de alunos como é feito atualmente. Principalmente, é de salutar importância que tal avaliação seja utilizada como fator condicionante ao repasse de recursos a professores e escolas públicas. No tocante ao professor, pode ser instituída uma remuneração salarial condicionada a sua performance, que pode ser medida em diversas dimensões, como por exemplo, número de horas lecionadas, desempenho em sala de aula, pontualidade e rendimento escolar dos alunos. Já no que concerne ao diretor de escola, pode-se criar um sistema de premiação das escolas que apresentarem melhores resultados, com mais progressos na qualidade, direcionando as mesmas, mais recursos públicos capazes e produzirem ainda mais avanços, enfim, melhoria contínua. Difícil vai ser convencer os sindicatos de professores, tipo o CPERS aqui no estado, a quem podemos chamar de corporações do atraso, do subdesenvolvimento. Entidades como o CPERS são um freio ao desenvolvimento. Infelizmente. Alguém pode citar uma ação feita pelo CPERS em prol da qualidade da educação no estado do Rio Grande do Sul?
O apagão de mão de obra qualificada apresenta-se como um sério obstáculo à obtenção de taxas mais robustas de crescimento econômico e que poderiam vir acompanhadas da redução das desigualdades, uma vez que, comprovadamente, a educação anda lado a lado com a renda. Sem um salto educacional, o Brasil continuará apresentando níveis de pobreza e de desigualdade que não são admissíveis em uma sociedade democrática e que quer ser justa.
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