“Criar espantalhos” talvez seja uma das duas falácias mais utilizadas por quem quer defender suas ideias a qualquer preço, a outra é a falácia chamada de “ad hominem” que nada mais é do que a tentativa de desprestigiar o opositor com ofensas quando os argumentos escasseiam.
Muitos charlatões usam a primeira por ser mais difícil para os incautos detectarem. A segunda, se pode ver muito nos comentários das redes sociais, onde a virtualidade gera nos participantes muita coragem para os impropérios e pouca moderação no trato com os outros.
Uma falácia do espantalho conhecida é aquela que apresenta liberais como defensores da liberdade como um fim.
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Por que essa ideia é uma falácia?
Porque liberais não defendem a liberdade como um fim, liberais defendem a liberdade como um direito político, um dos direitos individuais inalienáveis que deve ser institucionalizado e protegido pelo governo.
O direito à liberdade, como o direito à propriedade e à busca da felicidade são direitos corolários do direito fundamental, primordial, à vida.
O que seria a liberdade para um liberal?
Nada mais, nada menos, do que a ausência de coerção.
Há no mundo, gente que não respeita o direito à liberdade dos outros, gente que usa de força ou de fraude, ou seja, de coerção, para alcançar seus propósitos.
Há na história, incontáveis casos em que sociedades inteiras são utilizadas através da coerção de seus dirigentes, aqueles que constituem o governo, para que atinjam seus propósitos pessoais.
Os liberais entendem que o único papel de um governo é identificar, processar, julgar e punir tais indivíduos violentos, segregando-os do convívio social por um tempo ou para sempre, dependendo da sua periculosidade e capacidade de adaptação.
Para os liberais, só há um fim que faz com que indivíduos convivam no contexto social, a busca da satisfação de seus próprios interesses, através do exercício da liberdade, ou seja, o exercício do direito à busca da felicidade, sem o uso de coerção contra ninguém.
Liberais não defendem a liberdade como último bem a ser alcançado. Liberais defendem a liberdade como o meio moralmente justificável através do qual os indivíduos atingirão seus propósitos, sem coerção, sem impedimentos, sem coação, sem compulsão.
Quando alguém esquece ou não sabe o que é liberdade, entendendo com isso que liberdade é fazer o que se quer, inclusive iniciando atos de coerção para atingir seus fins, não está usando a liberdade para satisfazer seus intentos, está usando de coerção, o exato oposto do que liberdade significa.
Liberdade e coerção são excludentes, onde há um, não há o outro.
A felicidade pode ser alcançada com o uso da coerção? Talvez. Mas a felicidade alcançada assim, é imoral porque quando alguém usa de força ou fraude para realizar seus propósitos está necessariamente violando o direito que todos têm de buscarem a sua felicidade também.
Uma sociedade livre é aquela onde a coerção é banida do contexto social porque seus integrantes entendem que só a liberdade é capaz de proporcionar a realização de propósitos sem que alguém seja submetido a alguma forma de coerção.
Liberais não servem para espantalhos, a não ser na mente de quem propaga falácias para que seguidores fanáticos possam acreditar nos seus dogmas.
Fonte: “Instituto Liberal”, 19/06/2018