Ordem social e obediência civil são expressões de natureza distintas.
Existe a ordem espontânea, como no livre mercado, onde as relações sociais são voluntárias e livres, resultado das vontades e iniciativas individuais manifestadas em um ambiente caracterizado pela ausência de coerção.
Existe também a ordem imposta, como nas sociedade onde as relações interpessoais devem atender minuciosa regulação para satisfazer objetivos relacionados com que foi planificado centralmente pelo governo.
No primeiro caso, onde a ordem é estabelecida horizontalmente a partir da mútua concordância entre indivíduos que buscam o atendimento de seus propósitos de vida, de seus próprios interesses, voluntária e pacificamente, a expressão obediência civil significa aceitar que a coerção será banida do ambiente social em que se está inserido, o que resultará na prevalência da ordem espontânea.
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Num ambiente onde prevalece a ordem espontânea, somente poderão ser considerados desordeiros aqueles que adotarem uma conduta baseada na iniciação do uso da força ou de fraude contra terceiros.
O uso da coerção por um ou mais indivíduos é o que definiria a desobediência civil contra a ordem estabelecida, caracterizada pela livre e pacífica aceitação da vontade dos demais em dizer sim e, principalmente, não.
No segundo caso, onde a ordem é imposta verticalmente com a iniciação da coerção por parte do planejador central, a desobediência civil se institucionaliza, ou seja, naquela sociedade, indivíduos dizerem não caracteriza um ato de rebeldia e a vontade do planejador central, ao rejeitar qualquer recusa às ordem que ele emana para a sociedade, desobedece a vontade individual e estabelece uma desordem social.
Com essa desordem social a obediência civil acontece apenas quando os indivíduos que a compõem submetem-se covardemente, abdicando da vontade própria, do auto interesse e da autoestima.
Fonte: “Instituto Liberal”, 16/02/2019