FHC adotou políticas parcialmente liberalizantes para melhorar a vida dos brasileiros durante o seu governo como Ministro da Economia de Itamar Franco, e depois, quando ele próprio foi Presidente da República. Notadamente a política de privatizações, que teria sido melhor sem as reservas de mercado e as agências reguladoras.
Ele, FHC, tinha a convicção de que essas ideias dariam certo? Talvez. Mas a realidade o obrigou a implementá-las por conveniência, porque se não o fizesse a situação do seu governo seria muito pior.
Um governo que adota medidas liberalizantes, seja por conveniência ou convicção, sempre melhorará a vida da sociedade, porque são essas medidas que permitem aos indivíduos florescerem e a sociedade prosperar.
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Essa argumentação de que um governante ao adotar ideias liberais por conveniência pode levar tais ideias ao descrédito é infundada. Se as ideias implantadas são as ideias que nós liberais defendemos por convicção, elas não darão errado. Se forem ideias não liberais aplicadas como se fossem, aí é uma fraude que precisa ser denunciada.
Adotar a liberdade como premissa para uma ação governamental requer desprendimento do governante porque ele transfere o poder sobre a vida dos outros para eles mesmos, os próprios indivíduos que vivem suas vidas de forma intransferível.
Como isso pode dar errado? Não tem como. Cada um é dono da sua vida e é capaz de tomar as suas próprias decisões. Se forem erradas, o problema será dele e somente dele.
Pior é um governante centralizador que, se tomar uma decisão errada, acabará prejudicando a vida de milhões de indivíduos.
Quem teme que a aplicação de ideias liberais seja feita por conveniência também não tem muita convicção sobre se ideias liberais são convenientes. Ideias liberais para quem tem convicção, ou não, sempre são convenientes para a população, antes de serem convenientes para os governantes e os intelectuais que ficam em dúvida se elas devem ou não ser postas em prática.
O presidente eleito Bolsonaro não é um liberal; e daí? Ninguém é dono das ideias liberais para querer monopolizar sua aplicação.
FHC também não era um liberal, como ainda não é. As ideias que FHC adotou, mesmo que parcialmente, transformaram o Brasil num país melhor.
Bolsonaro pode fazer o mesmo, com a vantagem de que tem um liberal no seu governo, Paulo Guedes, além de outros que podem ser incluídos no governo para ajudá-lo a adotar as ideias liberalizantes que tanta falta fazem ao Brasil.
Vai lá, Bolsonaro, liberaliza esse país; quem se importa se você faz isso por conveniência ou por convicção?
Fonte: “Instituto Liberal”, 08/11/2018