O sistema econômico que existe hoje à disposição dos pobres coitados que precisam entregar seus filhos às escolas estatais é escambo. O governo entrega um pacote (escola, professor e conteúdo) e os pais entregam seus filhos. Os pais resolvem seu problema legal e o governo garante a próxima geração de cordeirinhos conformados.
Pois esse escambo precisa acabar.
Vouchers não são um fim em si mesmo, vouchers são apenas uma moeda de troca restrita ao mercado educacional para permitir que os pais possam escolher as escolas para seus filhos. Isso permite também que haja concorrência entre as escolas pelo dinheiro dos pais.
Mas a criação de moeda ou inflação, sem a contrapartida da geração e do aumento da oferta dos bens produzidos, desvaloriza a unidade monetária, tirando poder aquisitivo das famílias.
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Como o mercado pode aumentar a oferta da noite para o dia? Com a transferência da capacidade instalada das escolas estatais, mal aproveitadas em geral, para a iniciativa privada.
Não adianta querer comprar vagas nas escolas privadas aumentando o seu preço sem diminuir os custos fixos com as escolas estatais. Isso exigiria ainda mais dinheiro dos impostos e contaminaria o sistema privado de ensino com o toque destruidor do governo.
Esses são problemas operacionais e econômicos e por trás deles há um problema ainda maior, mais grave e mais relevante que é a questão ética.
Vouchers devem atender apenas a quem não pode pagar pela educação do seu filho, mas eles devem ser financiados voluntariamente através de sistemas de renúncia fiscal. E não basta ser pobre para ter acesso, é preciso ter mérito. Testes de qualificação devem ser aplicados para separar os melhores dos piores de maneira a que quem for mais inteligente e mais dedicado possa aproveitar melhores oportunidades. Há muito para se considerar sobre esse assunto, mas isso para mim é o essencial.
Fonte: “Instituto Liberal”, 05/10/2018