Os projetos de reforma política que tramitam no Congresso Nacional preocupam-se com uma série de medidas que visam melhorar nosso quadro de representação parlamentar, entretanto, busca-se equivocadamente o equilíbrio entre melhoria do sistema e garantias que os atuais membros encontrem um caminho facilitado para o processo de reeleição. Neste ponto começam a surgir os obstáculos que impedem qualquer tipo de reforma ser aprovada.
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Reforma política
As eleições que se avizinham deixarão claro esta sensação, pois estaremos diante da mais profunda onda de renovação que já vimos no Parlamento desde a redemocratização. Movimentos como “não reeleja ninguém” começam a se espalhar pelo país, resultado de uma revolta generalizada da população contra a classe política.
Diante deste fato, os políticos vem tentando se reinventar com o objetivo de não serem massacrados pelas urnas. Transformar os partidos em movimentos já se tornou um lugar comum, mas sabemos que de nada adianta rebatizar siglas sem mudar as práticas.
A reforma política seria outra medida que poderia calibrar este processo, mas aos atores envolvidos não conseguem convergir quantos as mudanças necessárias em nosso sistema. Uma série de medidas precisam ser debatidas em tempo hábil. Tudo indica que as regras para eleição dos deputados não deve mudar e que se os eleitores desejam renovar, terão mesmo que fazer uso das urnas em 2018. O sistema continuará lutando pelo sua sobrevivência.
O fato é que vivemos o esgotamento deste processo político diante do fim deste ciclo histórico. O voto deverá carregar o peso da desilusão com o resultado dos anos sob o domínio do petismo, aliado aos resultados das investigações de Curitiba. Os partidos devem ser atingidos em cheio e, na falta de candidatos, a abstenção, somada aos votos nulos e brancos, podem ser as estrelas da eleição, como vimos recentemente no Amazonas.
Os projetos de reforma que tramitam no Parlamento poderiam ter ajudado a direcionar esta renovação, fornecendo poder ao eleitor e fortalecendo os partidos. Diante do desgaste do quadro político, a falta de ação pode mobilizar os eleitores a realizar, pelos seus próprios meios, uma reforma que neste caso começaria com os parlamentares atuais. A verdadeira mudança se chamará renovação, que começará na urna e terminará com mudanças profundas de representação.
Fonte: “O Tempo”, 04/09/2017
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