O excesso de burocracia para a abertura, regularização e fechamento de empresas no Brasil é um dos principais impasses para o nosso desenvolvimento econômico. De acordo com o ranking Doing Business, do Banco Mundial, o tempo médio somente para a abertura de uma companhia em território nacional é de 79 dias, enquanto em países com um crescimento similar, como o México, o mesmo processo leva menos de 10 dias.
Pensando nisso, no final do ano passado, a organização de apoio ao empreendedor, Endeavor, lançou a campanha “Burocracia para tudo” com o propósito de mobilizar a sociedade na discussão sobre os entraves burocráticos brasileiros e como eles afetam o empreendedor. Além da conscientização por meio de vídeos informativos, o projeto lançou uma petição online para que prefeitos, governadores, deputados federais e senadores sejam pressionados a reduzir o tempo de abertura, regulamentação e fechamento de empresas. O texto já conta com mais de 33 mil assinaturas de apoio desde seu lançamento, em novembro de 2017.
Em entrevista ao Instituto Millenium, o coordenador de mobilização da Endeavor, Marcello Baird, falou sobre o peso da burocracia para a economia. Atualmente, o empreendedor perde muito tempo resolvendo processos e se vê enrolado no meio de questões desnecessárias, desfocando sua atenção do crescimento da empresa. Tudo isso afeta a economia de um modo geral. “O empreendedor drena recursos que poderiam ser direcionados para produzir valor. Quando há muitas regras e atores envolvidos na liberação de autorizações, acaba abrindo um espaço maior para arranjos de corrupção. Quanto mais transparente for o processo, menor será a corrupção”, explica. Ouça a entrevista abaixo!
Baird conta que a Endeavor iniciará uma agenda de desburocratização em parceria com especialistas e outras organizações abrangendo quatro pontos burocráticos: acesso a capital; criação de patentes; tributos no país e abertura, regularização e fechamento de empresas. A ideia é levar as propostas a todos os candidatos à Presidência da República:
“Acreditamos que essas questões de simplificação não têm uma coloração política necessariamente, todos os espectros políticos têm interesse em um maior crescimento da economia especialmente no momento em que vivemos. Vamos pressioná-los para que adotem essa causa como absolutamente fundamental nas campanhas desse ano”.
O coordenador da campanha falou também sobre as raízes históricas da burocracia na sociedade brasileira, que, para ele, estão presentes desde a criação do Estado. O estabelecimento de uma relação de confiança entre a própria população ajudaria a combater esses processos:
“Existe uma desconfiança na sociedade brasileira de maneira geral, para tudo você precisa pedir um protocolo. Não acreditam muito na palavra seja das pessoas ou do Estado. Essas relações de desconfiança permeiam a sociedade e aumentam ainda mais a burocracia. Uma maior confiança tende a reduzir isso”, conclui.
Veja um dos vídeos da campanha:
