Muito se falam em definições, verdades, na eterna luta entre o Bem e o Mal. Será que isso realmente é algo mensurável? Existe alguma certeza plena no universo? Há uma força divina que nos governa ou somos nós que – como seres fracos – temos eu acreditar em algo?
Se existe uma verdade, ela nada mais é do que o fato em si, da forma e no exato momento em que ocorreu; a partir do próximo minuto, estaremos nos deparando nas versões de cada um. Em nome de uma verdade histórica, já se cometeram várias atrocidades, até hoje mentiras são exaltadas como algo real. Não há um único ser no universo que consiga descrever um fato em sua plenitude, quando quem repassa a informação possui outros interesses, a distorção é ainda maior.
Faça um teste: encene um ato com uma pequena platéia, logo após peça para que todos descrevam o ocorrido com suas próprias palavras. O resultado será surpreendente!
Ao pegarmos um dicionário, temos as diversas definições para o que nos cerca. Historicamente, as definições foram sendo aprimoradas e adequadas conforme a necessidade de quem ditava as normas. Isso vale para leis e até mesmo “dogmas” religiosos.
Os próprios padrões morais são completamente diferentes de uma sociedade para outra, e no seu tempo. Alguém no ocidente acha normal uma criança de 12 ou 13 anos se casar? Pois é, isto é nos dias atuais; faça uma pesquisa rápida entre seus familiares mais velhos, pais e avós, novamente haverá o espanto. Pedofilia – este crime execrável – é “mais execrável” nos anos 2000 do que há 30 ou 40 anos.
Os homossexuais vivem se sentindo discriminados, mas se esquecem de respeitar héteros que não lhes querem como parceiros, a tolerância é uma obrigação constante, e principalmente, recíproca. As individualidades devem ser preservadas. Aos intolerantes, que creem piamente que o homossexualismo é uma doença ou algo recente, se esquecem do berço da civilização ocidental, onde a promiscuidade – no conceito atual – era regra. Estudem um pouco de cultura greco-romana, para citar apenas dois exemplos.
Sempre reflito muito sobre a imortal batalha Bem VS Mal. Mas também sempre indago: o que é o Bem e o que é o Mal? Quem definiu? Tenho para mim que tudo isso não passa de convenções sociais/morais, impostas pelo meio que nos cerca. Custa-me a aceitar que um ente divino possa matar inocentes em nome de um “bem maior”, e daqui a pouco pregar a completa tolerância e respeito à vida – seja de quem for. Einstein nos ensinou que tudo é relativo, e talvez estivesse certo. Tudo depende do ambiente e da ótica dos envolvidos.
Aprendi a não ter certeza de nada, a duvidar, mas antes de tudo, respeitar. Já escrevi várias vezes que uma das poucas coisas que me choca é a imposição, seja de onde vier. Às vezes sou mal interpretado por leitores que possuem pré conceitos imutáveis, oras, minhas divagações almejam algo muito além do “bem” e do “mal”.
A maioria busca apoio e repouso espiritual em crenças, o que de forma alguma condeno, pelo contrário, é uma opção pessoal e como tal, deve ser respeitada. Outros acreditam facilmente em definições e conceitos prontos – é mais fácil decorar do que contestar. Mas eu, não vejo necessidade de crer para alcançar ou transpor meu Nirvana, não tenho dogmas e há tempos não acredito em verdades e definições absolutas.
Onde muitos veem obstáculos e comodismo, eu vejo uma incógnita, que merece ser explorada e decifrada, de forma saudável e prazerosa, longe de restrições, obedecendo somente o respeito às normas e convenções, desde que sejam aceitáveis.
“Reiterarei, contudo, uma centena de vezes que a ‘certeza imediata’, como o ‘conhecimento absoluto’ e a ‘coisa em si’, contém uma contradictio in adjecto” [contradição nos termos]. – Nietzsche em Além do Bem e do Mal.
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