A historiografia americana é tradicionalmente vista como autocentrada e paroquial, em geral incapaz de analisar o impacto dos Estados Unidos no mundo e, sobretudo, de enxergar o país como parte da comunidade internacional. David Armitage, professor de história na Universidade Harvard, partilha dessa visão crítica da pesquisa histórica norte-americana, e propõe, em “Declaração de Independência, uma história global” (Cia. das letras), que contextualize a influência dos Estados Unidos no mundo e vice-versa. Para tanto, analisa o documento fundador do país, a Declaração de Independência, e seu papel como modelo e inspiração para a emancipação de comunidades políticas ao redor do mundo.
Hoje cultuada nos Estados Unidos pelos direitos individuais que assegura, a Declaração teve por razão primeira uma demanda cuja originalidade é hoje pouco lembrada: a independência desvinculada de outro poder soberano. Embora não seja o primeiro documento a questionar a autoridade de um território sobre outro – basta lembrar a independência das Províncias Unidas em relação à Espanha habsbúrgica -, a Declaração forjou o conceito de Estado, em oposição ao de império, e assim serviu de fundamento e inspiração para dezenas de documentos similares (muitos dos quais reproduzidos num anexo no final do livro), até dias bem recentes. Declaração de Independência foi escolhido o livro do ano pelo Times Literary Supplement.
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