A crise da economia brasileira não poupou ninguém, mas foi mais dura com os mais pobres. A parcela dos 10% mais pobres da população teve redução de 7,1% dos rendimentos do trabalho. Na faixa dos 10% mais ricos, a queda foi de 5,9%, mostrando um efeito menos perverso para os que estão no topo da pirãmide de renda, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/2015), divulgada nesta sexta-feira, pelo IBGE. De acordo com o maior levantamento sócio-econômico do pais, o rendimento do trabalho na média caiu 5%. Esse é primeiro recuo em 11 anos. O rendimento passou de R$ 1.950 para R$ 1.853 (-5,0%), o de todas as fontes (que inclui aposentadorias, recebimento de aluguéis, juros, benefícios sociais, entre outros) foi de R$ 1.845 para R$ 1.746 (-5,4%), e o domiciliar caiu de R$ 3.443 para R$ 3.186 (-7,5%).
Embora na base da pirâmide a perda tenha sido maior, entre a metade mais pobre da população a queda da renda foi menor que entre os 50% mais ricos, o que levou à queda de desigualdade, num processo que vem desde 2001. O Índice de Gini (indicador de quanto mais perto de 1 mais concentrada é a renda) caiu de 0,490 para 0,485. Apesar da aparente boa notícia de redução da desigualdade, Maria Lucia Vieira, gerente do Pnad. explica que as razões não são tão positivas, já que há perda de renda em todas os grupos.
— A redução da concentração de rendimentos é boa quando vai ficando com uma situação mais homogênea para todos. Quando todo mundo perde, fica pior para todo mundo. Caiu, mas não melhorou a situação das pessoas.
Desigualdade de renda
A queda da desigualdade foi menor quando se olha o rendimento da família. Nesse recorte, para o Brasil, ficou parado. Passou de 0,494 em 2014 para 0,493. O mesmo aconteceu na Região Norte (de 0,476 para 0,475) e na Região Nordeste (0,476 nos dois anos da pesquisa). No Sul, a desigualdade nos rendimentos domiciliares subiu de 0,446 para 0,449.
Crise também reduziu desigualdade de gênero
A crise também poupou o rendimento das mulheres. O rendimento delas ficou 22% menor, passando de R$ 1.464 para R$ 1,432, enquanto o dos homens recuou 5,1% (de R$ 2.071 para R$ 1.965). Assim, o rendimento das mulheres que representava 70,6% do salário dos homens em 2014 subiu para 72,9% em 2015.
Fonte: O Globo.
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