O presidente Lula tomou ao pé da letra o prêmio Estadista Global, que lhe foi concedido pelo Fórum Econômico Mundial. No discurso de agradecimento, deu lições para o mundo e mostrou o Brasil, sob sua liderança, como exemplo de sucesso. Disse que, de 2003 para cá, “o Brasil, mesmo com todas as dificuldades, fez a sua parte”. E questionou: “Podemos dizer que o mundo também melhorou?” Podemos.
De 2003 até a crise financeira de 2008, o produto mundial cresceu na média de 4,5% ao ano, o que foi extraordinário.
O comércio mundial expandiuse mais de 10% ao ano, ritmo inédito. E a circulação global de capitais também bateu todos os recordes.
O Brasil pegou a onda. As exportações, que mal passavam de US$ 60 bilhões/ ano, chegaram a quase 200 bilhões em 2008. De investimentos externos diretos, o Brasil recebeu US$ 142 bilhões entre 2003 e 2008.
Finalmente, as empresas brasileiras levantaram capital na Bolsa de Valores, o que só foi possível com a globalização financeira. Em 2007, no auge do processo, as companhias privadas locais obtiveram nada menos que R$ 167 bilhões com a emissão de ações, debêntures e outros tipos de papéis. A maior parte desse dinheiro veio do exterior.
Lula gosta de dizer, porém, que, ao contrário do crescimento mundial, o do Brasil se fez com redução da pobreza.
Mas também não é prerrogativa sua. Nos anos de ouro da globalização, de 1990 a 2007, nada menos que 500 milhões de pessoas deixaram a linha de pobreza no mundo — o que dá mais de 30 milhões/ano.
O mundo ofereceu oportunidades e o Brasil estava preparado para aproveitá-las. Por exemplo: o mundo precisou de comida e o agronegócio brasileiro, construído ao longo de décadas, atendeu essa demanda.
A prova de que o mundo foi o fator crucial está na crise. O Brasil, que vinha crescendo mais de 6% ao ano, caiu para menos de zero. As exportações perderam nada menos que US$ 50 bilhões.
Mas o mais importante, e que tornou o Brasil uma estrela global, mesmo depois da crise, foi a estabilidade macroeconômica. O maior mérito de Lula foi ter mantido as bases dessa estabilidade — superávit primário das contas públicas, câmbio flutuante e regime de metas de inflação com Banco Central independente, herdadas do governo FHC. Estável, com responsabilidade na sua moeda, o Brasil oferece amplas oportunidades e uma sólida democracia.
A bonança econômica é a base da popularidade de Lula, assim como a de muitos outros governantes. Mas Lula é mais que popular, é um fenômeno.
Isso vem da propaganda maciça (fala todos os dias para as mais diversas plateias, sempre se elogiando), da presença constante aqui e mundo afora (só no ano passado, 83 dias de viagens pelo Brasil e 91 dias por 31 países) e, especialmente, do Bolsa Família ampliado e dos reajustes elevados do salário mínimo. Os dois programas combinados beneficiam diretamente algo como metade da população. Pode-se incluir aí a contratação de funcionários e o reajuste dos salários públicos, que garantem o apoio de um setor formador de opinião.
Além disso, Lula distribuiu recursos públicos para um amplo elenco de empresas, atraindo boa parte do empresariado, e para todo o movimento sindical. E fez isso com base nos inéditos ganhos de arrecadação, fruto da atividade econômica.
A presidente do Chile, Bachelet, fez algo parecido — solidez econômica e programas sociais — e obteve popularidade até maior que a de Lula.
Foi, inclusive, mais responsável com as contas públicas. Mas por que não é ela a Estadista Global? Porque o Chile é menor que o Grande Rio. E porque, entre os grandes emergentes, a China é uma ditadura, a Índia não definiu uma liderança única e o Ocidente desconfia do russo Putin.
Lula disse que é preciso “reinventar o mundo”. Precisa nada.
Basta restabelecer um bom sistema financeiro — o que não é pouca coisa — e preservar aberto o comércio mundial.
O Brasil também não precisa inventar nada. Basta aperfeiçoar o que fez nos últimos 15 anos e melhorar a educação (aqui, sim, uma reinvenção) e a infraestrutura.
“O maior mérito de Lula foi ter mantido as bases dessa estabilidade —…”.
Não tenho o tino jornalístico nem arranho a superfície quanto ao volume e qualidade das informações de que os senhores dispõem. Levanto de manhã para trabalhar, volto, procedo como a maioria dos trabalhadores deste país.
Constante ouço, repetidas vezes, que o Presidente Lula… e a seguir a palavra: MÉRITO! E confesso que me irrito! É mérito para um Presidente da República Federativa do Brasil fazer o dever de casa, ou é seu dever fazê-lo e ponto final?
Não vejo mérito nenhum em manter uma economia nos grilhões dos maiores juros do mundo, com a maior carga tributária do mundo, e com a apropiração indébita sobre os depósitos da produção, a título de compulsórios.
http://www.allmirante.fr.cc
Ainda estou esperando depois de 7 p/8 anos, o pt colocar em prática aquilo em que passaram 25 anos pregando:: abaixo a globalização, vamos mudar radicalmente tudo que tá aí, o plano real é eleitoreiro, o FHC tá dando dinheiro prôs bancos(PROER – foi o que salvou o Brasil em 2008, sistema financeiro saneado). Será que nesta eleição voltará essa pregação….?