O noticiário dispara exemplos de pensamentos e atos dos nossos contemporâneos mais influentes. Uma caçada justiceira a um terrorista reabilita uma candidatura presidencial. Um flagrante de abuso sexual explode outra. O casamento de um príncipe ilumina um império em retração. A corrupção obscurece o futuro de uma potência emergente. Os fatos, suas interpretações e a reação que provocam refletem o que vai na cabeça das pessoas. Permitem uma leitura complexa do macroambiente.
Se as primeiras páginas tratam de avanços institucionais, acordos de paz, empreendedorismo, investimentos, educação e inovações tecnológicas, estamos ouvindo a linguagem do progresso e do bem-estar material. Mas, se os assuntos destacados são guerra, escândalos políticos, taxas de inflação e desemprego, o endividamento excessivo e os juros estabelecidos por um banco central, esses são os sons do declínio. Como a vida de hoje é bastante barulhenta, ouvimos tudo isso ao mesmo tempo.
Quando Bin Laden e Ben Bernanke se tornam fatores determinantes para o futuro político e econômico dos Estados Unidos, e o destino da Europa Meridional depende da boa vontade de um abusador serial, o superburocrata Dominique Strauss-Kahn, os sons do declínio estão se sobrepondo à linguagem do progresso. A civilização ocidental precisa de uma pausa para meditação, uma reflexão sobre os excessos de toda ordem que foram cometidos.
Essa já era a proposta de Martin Seligman, em “Positive psychology”, artigo publicado na revista American Psychologist (janeiro de 2000). O que traz a felicidade? Como o otimismo e a esperança afetam a saúde? Como estimular a criatividade, o talento, a comunicação afetiva, a capacidade de superação dos inevitáveis traumas e adversidades da vida?
Em uma verdadeira revolução educacional, o Centro de Psicologia Positiva da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, sustenta que os princípios para a busca de uma vida melhor podem e devem ser ensinados nas escolas. As habilitações tradicionais seriam insuficientes. “O que desejam os pais para seus filhos? Felicidade, saúde, autoconfiança, equilíbrio emocional. E o que ensinam as escolas nos países desenvolvidos? Alfabetização, matemática, disciplina, raciocínio crítico. Os pais querem ‘bem-estar’, as escolas ensinam ‘desempenho’”, afirma Seligman, em “Positive education: psychology and classroom interventions”, artigo publicado na Oxford Review of Education (junho de 2009). Para o criador da psicologia positiva, citado na reportagem de capa de ÉPOCA na semana passada, nunca houve tanta riqueza material e tão pouca satisfação emocional. Esse descolamento revela o vazio existencial do homem moderno e a necessidade de ferramentas cognitivas para a busca de seu bem-estar desde criança. “Sou inteiramente a favor do bom desempenho, do sucesso, da disciplina e da alfabetização literária e numérica. Mas imagine se as escolas pudessem, além disso, oferecer a seus alunos os princípios e as limitações para a busca do bem-estar. Teríamos indivíduos e famílias mais felizes, melhores instituições e um mundo melhor”, prescreve Seligman.
Os problemas brasileiros são bem mais primitivos, como ilustra a recente controvérsia em torno de um conteúdo educacional sancionado pelo Ministério da Educação. O episódio revela dificuldades de nosso sistema até na entrega de requisitos básicos para a empregabilidade futura das crianças.
Uma coisa é o respeito à preservação da autoestima dos alunos e de suas famílias que não tiveram oportunidade de frequentar salas de aula. É compreensível que não se expressem de forma correta. Outra coisa é o inarredável compromisso dos professores na correção dos erros, de modo a romper o círculo vicioso do despreparo na sociedade do conhecimento. E outra coisa ainda é a qualidade do conteúdo educacional. Pois se agora “nós pega os peixe”, depois “nós não acha os emprego”. Formas de comunicação inadequadas fecham as portas de empregos mais produtivos e com melhores salários nos mercados de trabalho.
Fonte: revista Época
os contrastes entre os fatos positivos e os negativos ponteiam a História Humana desde sempre,nada de novo no front.
O conceito moderno deduz que a educação deve ser regulada pelas atividades econômicas, ignorando que o Homem, em qualquer época, tem as mesmas ansiedades e desejos. Goethe propôs os mesmos princípios humanísticos (adotados no passado),ditados por Seligman, nada de novo no front.