A visita de Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos tende a se tornar um marco importante na retomada das relações entre Brasília e Washington. Ao tomar a iniciativa de iniciar essas conversas, nosso país sinaliza de modo claro que deseja resgatar os laços que historicamente sempre uniram as duas nações. O recado é claro no sentido de que ideologias não podem afastar países que possuem uma tradição de parceria, cooperação e valores que moldaram ambos os povos.
Os desdobramentos da viagem ocorreram em diversos níveis e frentes. Em Washington, ajudou-se a reposicionar o Brasil frente aos Estados Unidos. As palavras do deputado brasileiro foram muito bem recebidas tanto no governo americano como em organismos multilaterais e think tanks, deixando a mensagem que existe o desejo de resgate da dimensão histórica das relações entre os dois países. Isto pode destravar iniciativas de cooperação, acordos comerciais e especialmente aproximar politicamente as duas nações.
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A mensagem ao mundo das relações comerciais e investimentos também foi clara. Este novo momento, sem dúvida, será marcado por uma diminuição da presença do governo na economia, que devolverá poder ao cidadão, aquele que verdadeiramente paga pelos gastos do poder público. Ao mostrar que o Brasil tem compromisso com a responsabilidade fiscal e um arcabouço de reformas que propiciem o investimento, um importante primeiro passo foi dado no sentido de atrair capital de qualidade para nosso país.
Não houve quem criticasse a iniciativa do ponto de vista diplomático, o que certamente é um equívoco. Na diplomacia, diferentes canais são usados em diferentes situações. Esta incursão nos Estados Unidos teve por objetivo iniciar um novo processo de relações que agora será encaminhado por nossa diplomacia em diversas frentes. Ao acompanhar e discutir com o deputado os canais abertos e as conversas realizadas, o nosso futuro chanceler Ernesto Araújo tornou-se peça fundamental desta engrenagem, fazendo nossa diplomacia parceria desta estratégia de reposicionamento internacional do país.
O Brasil começa, por meio destas ações, a mostrar que existe um caminho a ser resgatado, que a criação artificial de parceiros comerciais internacionais por motivos ideológicos não pode, nem tampouco deve guiar nossa diplomacia comercial, que deve estar alinhada com uma visão pragmática e real das relações internacionais. Reposicionar nossa relação com os Estados Unidos foi apenas o primeiro passo de uma estratégia de fundo que deve aos poucos levar o Brasil a assumir um novo papel na geopolítica internacional.
Depois de uma guinada impulsionada pela esquerda nos últimos anos, o Brasil visa retomar seu lugar no concerto internacional. Uma visão ocidental, alinhada aos valores e parceiros tradicionais de nosso país, deverá ser a tônica nos próximos anos. Um posicionamento rejeitado pelo establishment, porém validado com folga pelas urnas.
Fonte: “O Tempo”, 03/12/2018