Em janeiro, o governo venezuelano iniciou um plano de racionamento de energia que determina a aplicação de cortes programados no fornecimento de eletricidade em grande parte do país.
Os cortes são realizados a cada dois dias por um período de até quatro horas em bairros e regiões alternados, poupando apenas alguns consumos essenciais, como hospitais, escolas e transporte público.
O plano, que deve vigorar até maio, quando se espera o início do período de chuvas, veio a somar-se à crescente coleção de medidas que o governo de Chávez tem adotado desde o final de 2009 a fim de evitar o colapso energético do país.
O governo bolivariano já havia determinado que as indústrias pesadas com consumo superior a 5 MW e as indústrias leves ou centros comerciais e residenciais com consumo superior a 2 MW reduzissem suas demandas em pelo menos 20% em relação ao mesmo mês de 2009.
Além disso, havia limitado a utilização do serviço elétrico aos centros comerciais no horário entre 11 e 21 horas. Repartições públicas consideradas não-essenciais também tiveram horários de funcionamento reduzidos.
Nem mesmo outdoors escaparam da medida. O problema no país vizinho afetou também o Brasil. Em janeiro, a Usina de Guri reduziu 20 MW dos 97 MW que exportava para Boa Vista e outras cidades de Roraima.
Para garantir o abastecimento, a Eletronorte acionou uma turbina da termelétrica de Floresta.
O governo Chávez alega que a escassez de energia no país foi causada por fenômenos climáticos, além de criticar antigos governos pela construção da maior parte da infraestrutura energética do país em um rio cuja vazão apropriada depende das chuvas.
Um olhar apurado sobre o panorama energético da Venezuela, entretanto, revela que não se deve apenas culpar governos anteriores ou o clima.
A quase falência do sistema energético venezuelano tem raízes na orientação populista de um governo que, nos últimos onze anos, direcionou grande parte da receita do petróleo a projetos políticos em vez de investir em infraestrutura.
Ao se pensar a escassez de energia que atinge a Venezuela, torna-se pertinente trazer à mente outros países que já foram palco de situação semelhante a do país andino.
Um claro exemplo é a Argentina, que vem passando por recorrentes episódios de escassez de gás natural desde 2004, o que compromete sua geração de energia elétrica.
Os problemas na oferta de gás natural do país tiveram origem no congelamento dos preços internos ao consumidor promovido pelo governo em 2002.
Com preços irreais para o gás, a expansão da economia argentina no início do século impulsionou o consumo do combustível, desacompanhado de investimentos que garantissem seu crescimento sustentado.
Exemplos como o da Venezuela e da Argentina servem de alerta aos países da América do Sul que recentemente embarcaram na aventura bolivariana, como a Bolívia, o Equador e o Paraguai.
O setor de energia elétrica, assim como toda a indústria de infraestrutura, demanda pesados investimentos, com longos prazos de maturação, que requerem previsibilidade e estabilidade de regras.
Este filme passará aqui no Brasil em Breve, não percam, ou melhor, veremos ao vivo e a cores, mais uma vez, ou melhor, UM GRANDE APAGÃO, +1 ou melhor, blackout, +1 ou melhor, em preto, muito preto…