Ao menos 16 jornais, incluindo de oposição, poderão circular a partir de segunda-feira
YANGON — Banida desde a década de 1960, quando um golpe de Estado transformou a Birmânia na atual Mianmar, controlada por um repressivo regime militar, a imprensa privada está de volta a partir desta segunda-feira no país do Sudeste asiático. A medida é mais um passo do programa de abertura gradual instituído pelo presidente Thein Sein desde 2011.
A censura havia sido suspensa em agosto do ano passado e, em dezembro, saiu o anúncio do fim do monopólio estatal da mídia. Desde então, pelo menos 16 jornais – quatro deles diários – ganharam autorização para circular. Alguns são ligados ao governista Partido União Solidária e Desenvolvimento. Outros, à Liga Nacional pela Democracia, da líder opositora pró-democracia Aung San Suu Kyi.
O editor-chefe do jornal “Golden Fresh Land”, Khin Maung Lay, comemora o avanço. Ele fora editor do “Mogyo”, uma publicação extinta com o golpe. Foi preso três vezes, rotulado como dissidente e não esconde a alegria de retomar à carreira, mesmo aos 81 anos de idade.
– As dificuldades serão muitas, mas estou pronto para editá-lo no espírito da liberdade de expressão e do profissionalismo que aprendi com meus colegas nos velhos e bons tempos – disse ele.
Analistas advertem, porém, que a transição deve ser espinhosa. Até que uma nova legislação sobre a mídia seja elaborada, uma lei draconiana de 1962, a de Publicação e Atos de Registro, permanece válida. Segundo ela, as penas de prisão para quem informar sem se registrar são de sete anos. E o governo pode revogar licenças a qualquer momento, sem aviso prévio.
Fonte: O Globo
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